Boneca de Ferro na África do Sul
Olá, gente! Hoje vou contar um pouquinho de como foi morar na África do Sul. Espero que gostem e que sirva para ajudar quem pretende fazer um intercâmbio.

Minha temporada fora do Brasil, depois que voltasse do Peru, estava programada, mas desta vez seria para estudar inglês. Na época o dólar estava mais acessível (1.88 reais) e durante uma busca pra saber quais países falavam inglês e tinham escolas boas para turistas encontrei a África do Sul, que sem dúvida era mais acessível financeiramente do que outros países como os Estados Unidos, Inglaterra ou Austrália.
Desde já, adianto que por um lado foi uma escolhaótima, mas por outro foi uma decisão péssima. Lugar lindo, mais barato do que muito país por aí, aprendi muita coisa, mas para aprender o inglês (que era a minha intenção), não serviu!! Contarei isso durante o post.
Intercâmbio em casa de família
Passei pouco mais de dois meses por lá e optei por um intercâmbio, morar na casa de uma família. Foi meu segundo intercâmbio, o primeiro foi no Peru (clique aqui e veja como foi essa experiência incrível). Em 2010 o dólar baixo e por isso ainda era acessível comprar esse tipo de pacote por agência.

Único registro que eu tenho da família que me recebeu, uma foto da foto (faltou o pai)
Como foi a escolha de morar em Cape Town
Preenchi na própria agência (não divulgo o nome porque ela não existe mais, faliu logo depois que fui viajar...rs) um cadastro que perguntava minhas preferências: se eu gostava de animais, se tinha problemas com religião, se eu comia carne, etc. Dessa maneira eles conseguiam encontrar mais facilmente uma família que “combinasse” comigo. Achei muito bacana isso. Me colocaram na casa de uma família muçulmana onde viviam pai, mãe e duas filhas mais ou menos da minha idade. A cidade selecionada foi Cape Town (Cidade do Cabo) e o bairro Bo-Kaap. Ah, a moeda de lá se chama Rand e em vários locais aceitam dólar também.
Sede da Copa do Mundo de 2010
Quando estive na Cidade do Cabo era ano de Copa do Mundo e a sede era exatamente a África do Sul, então tive a oportunidade de encontrar um pouco da decoração que já estava sendo preparada, muitas lembrancinhas para serem vendidas aos turistas, foi bem bacana. A cidade que me recebeu muito bem seria um dos palcos dos jogos, então o clima de Copa já estava por lá mesmo faltando alguns meses para o início do mundial



Cape Town é a segunda cidade mais populosa do país, ficando atrás apenas de Joanesburgo (1400 km separam uma cidade da outra). Ela é famosa pelo seu porto natural e um dos mais populares destinos turísticos para quem visita a África do Sul. Além disso, é o segundo mais populoso núcleo urbano, financeiro e cultural do país, depois de Joanesburgo também.



Casinhas coloridas de Bo-Kaap

Sobre o bairro Bo-Kaap
É um lugar lindo, histórico, do jeito que eu gosto. Cada casa é pintada de uma cor. E adivinha qual era a cor da minha? Rosa! Como amava viver naquele bairro todo colorido!
Apesar de ser um quarteirão bem alegre, possui uma história sofrida. Em 1700, a área era declarada exclusivamente para moradia dos escravos importados pelo domínio holandês. Eles, que vinham de outros países da África, Índia, Sri Lanka, Malásia e Indonésia, ali se estabeleceram. Mais tarde, em 1844, islâmicos e muçulmanos chegaram e construíram muitas mesquitas no local. Tanto que mais 90% das famílias que moram ali tem o islamismo como religião, como era o caso da “minha”. Hoje, Bo-Kaap é um bairro tradicional e multicultural, possui uma rica história e pessoas com papos deslumbrantes. Patrimônio nacional, muitas casas são monumentos datados de 1750 e diversos restaurantes ainda mantém o sabor das comidas típicas e da época. Definitivamente, um lugar incrível para se visitar e desculpa, mas tive o privilégio de chamá-lo de minha casa. Que delícia!
Dia a dia com uma família totalmente diferente da minha
A recepção na casa da família foi muito boa. Eles já estavam acostumados a receber estudantes. Além de mim, estavam hospedados uma belga/colombiana (a Laura, que se tornou minha amiga) e um surfista francês. A casa era limpa, agradável, os moradores simpáticos e acolhedores. A comida era boa (estranhei no começo porque na cultura deles se come com as mãos). Mas, para os turistas eles ofereciam talheres, graças a Deus (rs).

Meu quartinho
Sala de casa

Eu, uma colega da escola que já não lembro o nome e a Laura (detalhe do aparelho lindo nos dentes rs)
Não foi difícil me adaptar a casa, somente a comida que era um pouco apimentada e o arroz que era cozinhado com açúcar, bem diferente do que estamos acostumados no Brasil.
Apesar da família ser muçulmana, eles tinham uma mente "bem aberta", moderna, e não nos obrigava a usar burca e podíamos viver normalmente, sem muitas restrições. Algumas vezes usava burca (pegava emprestado das filhas), mas somente quando ia visitar mesquitas, para conhecer um pouco mais sobre a cultura deles, ou como uma forma de mostrar que, apesar de estar sempre com boa parte do corpo de fora, (o calor era insuportável) existia respeito pela religião deles. Visitei algumas mesquitas e foi uma experiência bacana poder conhecer mais sobre o Islamismo que, na época, era desconhecida pra mim. Hoje (2018) trabalho com refugiados muçulmanos e estudo sobre o tema frequentemente.

As burcas eram lindas, só o calor não ajudava

Primeira mesquita da África do Sul que ficava pertinho de casa

Dentro da mesquita, durante a oração

No andar de cima. Mulheres não se misturam com homens dentro da mesquita para evitar que os mesmos percam a concentração durante a oração

Armário para guardar os calçados. Na mesquita só entra quem estiver descalço


Meu vizinho que se tornou um amigo e me presenteou com diversos livros sobre a religião muçulmana

A família acordava nos horários certos para fazer as orações e muitas vezes batiam na porta do meu quarto e me convidavam para participar, mas quase nunca aceitava porque não entendia muito bem da religião deles. Hoje estudo o islamismo devido ao meu trabalho voluntário com refugiados e se eu tivesse viajado hoje já seria diferente, teria me envolvido muito mais para conhecer a rotina da família. Não sigo uma religião, estudo um pouco de cada uma para conhecer e saber lidar com as pessoas que convivo no meu dia a dia
Mais que a religião, o idioma foi uma barreira no começo dessa viagem e principalmente no convívio com a família. Tinha um nível básico de inglês (não passava fome), mas o inglês deles era algo difícil de entender. Sério, a pronúncia dos africanos é muito ruim! Fui descobrir que, além do inglês, eles falam Africâner, Ndebele, SeSotho do Norte, SeSotho do Sul, Suázi/Suazi, XiTsonga/ ChiTsonga/ShiTsonga, seTswana, Venda, Xhosa e Zulu. Tá explicado, é uma mistura que resulta em algo que nem sei explicar (rs).
Como é viver com uma família desconhecida
Viver com uma família que não é a sua requer muitos cuidados, ainda mais quando a cultura é totalmente diferente da sua. Claro, muitas vezes não me sentia a vontade, confortável. Mas, eles eram tranquilos em relação a horários (apesar de acharem perigosoestar na rua até muito tarde) e me deixavam fazer o que queria, era tranquilo.
Mas, conheço casos de amigas que ficaram em casas com famílias reservadas, conservadoras, chatas com horários a serem cumpridos e exigentes demais. Tem que dançar conforme a música. Já conheci casos de pessoas que pediram para mudar de família porque não se adaptaram, isso é possível também. Hoje, mais madura, prefiro alugar um cantinho ou ficar em um hostel, mas um intercâmbio é uma experiência que todo viajante tem que ter.
Minha rotina era escola, passear e brincar com os vizinhos (criançada) na rua durante a tarde e sair pra gandaiar durante a noite. Meu natal e virada do ano também foram em Cape Town. Já conto como foi passar o Natal longe da família e o dia 31 em uma mansão com doidos de todas as partes do mundo.




Estudar em Cape Town: aprender ou desaprender inglês?

A escola escolhida foi a EC Cape Town. Foi uma das opções que a agência recomendou e garantiu que era bacana. Realmente era porque eu ia a pé, uma das escolas com melhor custo benefício, bonita e com instalações modernas. Ela está na cidade desde 2002, tem franquias em outros países e fica dentro de um prédio comercial pequeno, de mais ou menos quatro andares.

Meus colegas de classe: várias culturas misturadas, estudantes de todas as partes do mundo

Viver culturas, minha maior paixão
Os professores são bons, mas o sotaque do inglês deles não me agradava. Era melhor do que o que escutava na rua, mas mesmo assim era bem estranho. Um outro problema era a quantidade de brasileiros que tinham nessa escola, maravilhoso para fazer amizades e sair depois da aula, mas para aprender inglês isso é péssimo.
Quando eu estive lá, senti que estava no Brasil. Escutava mais português do que inglês. Conviver com brasileiro é algo que deve ser evitado. Deve, porém é muito difícil. Em qualquer lugar do mundo há brasucas e parece que existe um imã que não te deixa sair de perto deles. É um “oi” e já virou melhor amigo. Já marca um bar, balada e quando você vai ver já foi corrompida (rs). Mas, o meu conselho é tentar evitar. Talvez se eu tivesse evitado tinha aprendido um pouco mais, mesmo com aquele sotaque terrível.
Além disso, claro que o fato de ter 21 anos e sair quase todos os dias e chegar morta na sala de aula também influenciou. Quanta falta de maturidade! Mas o fato do inglês deles ser muito estranho, me desanimou um pouco de me dedicar as aulas. Escolher esse país para aprender inglês tenho que ser sincera e dizer que não aconselho! Praticar na rua então...pior ainda! África do Sul é maravolhoso para turistar, para isso eu super recomendo!
O que fazer em Cape Town além de estudar?
Essa cidade foi um presente de Deus na minha vida. Nunca imaginei que estaria lá. Aprendi pouco inglês, mas aprendi muito sobre a vida e sobre essa cidade linda. Para amantes da natureza e apreciadores da boa gastronomia é um lugar que merece ser visitado. Se você gosta de aventura como eu, quer aproveitar lindas praias ou ainda curtir a vida noturna, esse é o destino certo (deu pra perceber que essa cidade é boa demais!) Lá você ainda pode degustar um bom vinho ou se aprofundar mais na história dos sul-africanos
Morei em Cape Town por pouco mais de dois meses (parece pouco, mas não é) e, mesmo depois da partida, por muito tempo senti falta da minha vida como africana. Até hoje lembro dos momentos, dos locais e bate aquela saudade. Quero voltar.
Pra matar a saudade e ajudar vocês na hora de escolher o que visitar nessa cidade linda, montei uma pequena lista com o que fazer de mais legal nessa cidade. Não daria pra escrever tudo que fiz nesse tempo, mas selecionei as principais atrações turísticas da cidade, que não devem faltar no seu roteiro quando for visitar esse lugar incrível. Ah, vale dizer que eu fazia a maioria das coisas a pé ou de van comum, aquelas usadas pelo povo nativo. Era mais barata e não tive nenhum problema.
Algumas pessoas que passam menos tempo costumam alugar carro e parece que não é tão caro, mas depende da vibe de cada um.
Mais uma observação: dois passeios que fiz na África do Sul vocês não encontrarão nesse post: o salto no mais alto Bunge Jump do mundo (clique aqui para ler tudinho sobre a maior loucra que fiz na vida toda) e o mergulho com tubarões brancos (clique aqui para conhecer sobre esse passeio exótico e polêmico). Os dois estão no ícone Aventuras, juntamente com outros posts de aventuras super legais que fiz pelo mundo.ok? Não deixem de dar uma olhadinha!
Um pouco da principal avenidade da cidade
Antes das dicas quero apresentar a Avenida Long Street. Ficava pertinho de casa, fazia tudo a pé e encontrava tudo que precisava. É uma das ruas mais famosas de Cape Town e está localizada no coração da cidade. Durante os anos de 1970 e 1980, ela abrigava dezenas de teatros e já dava os primeiros passos para se tornar a rua mais boemia da cidade.
Hoje, esses antigos teatros se transformaram em restaurantes e lojas e são um charme à parte na cidade. A arquitetura dos prédios que hoje abrigam esses bares, lojas e restaurantes dão mais charme à rua. Muitos desses prédios possuem grandes varandas e que acabam cobrindo parte da calçada. Rico em detalhes e cores, cada prédio é diferente um dos outros e sua estética chama muito a atenção.
Durante o dia, a Long Street é um ótimo local para fazer compras, almoçar em bons restaurantes ou para tomar um café durante o dia. É possível encontrar também diversas opções de lojas de roupas, restaurantes, cafés, livrarias, boutiques, além, é claro, de lojas de souvenir. Bem pertinho, tem a feira Green Market, que é uma ótima dica para quem quer conhecer um pouco mais da arte africana e aproveitar para fazer algumas comprar.
Ovos de avestruz decorados. São lindos e é muito comum encontrar em feirinhas e pessoas vendendo nas ruas da cidade
Se durante o dia a Long Street tem o movimento intenso de pessoas fazendo compras e passeando pela rua, durante a noite o cenário se transforma e a rua se torna o local mais boêmio de Cape Town. Os bares, restaurantes e boates ganham destaque e tornam-se os locais ideais para quem quer curtir uma noite bastante agitada. O mais interessante da Long Street é ver que aqui é um local democrático e reúne diversos tipos de pessoas e tribos. É uma rua que abraça a diversidade cultural e estampa um incrível contraste de pessoas. Agora Vamos as dicas dos passeios turísticos:
Table Mountain: é uma das montanhas mais famosas de toda a África e uma das atrações mais populares de Cape Town. É possível avistar a Table Mountain de diversos pontos da cidade, mesmo ela não sendo uma montanha tão alta assim (1000 metros). Lá de cima dá apreciar as belezas da cidade, além das praias de Cliffton e Camps Bay. Para chegar ao local há um teleférico. Se preferirem, podem subir caminhando, o que leva cerca de uma hora.
Robben Island: é um dos grandes pontos turísticos da cidade. A ilha foi uma prisão durante muitos anos e recebeu célebres presos, como o famoso ídolo sul-africano Nelson Mandela. É um passeio bastante concorrido, então é melhor comprar seu ingressos pelo site, pois eles se esgotam rápido.
Cela onde Mandela cumpriu boa parte da sua pena
Waterfront: não dá para ir à Cidade do Cabo e não visitar o Waterfront pelo menos uma vez. Morei lá e visitei mais de 10 (rs). Adorava passar minhas tardes naquele lugar. O complexo tem um monte de atrações como restaurantes, lojas, feiras de artes locais, Two Oceans Aquarium (aquário com animais de dois oceanos), shows e exposições. Um ponto de encontro para muita gente, onde vocês acham de tudo, inclusive aquela lembrancinha que precisa comprar para dar de presente aos amigos e família. Dá pra bater perna por várias horinhas.
Naiara e Davi, meus amigos brasileiros e companheiros de passeio em CT. Apesar da distância Ela vive no interior de SP/atualmente está na Austrália e ele no Ceará, nos falamos até hoje!)
Litoral da cidade/ Green Point Stadium: é um ótimo lugar para fazer caminhada, ou até mesmo alugar bicicletas e pedalar pelo bairro Sea Point. A praia é maravilhosa, dá pra passar horas observando a natureza e fazendo exercícios. A maior parte da orla tem, além de calçadas muito bem desenhadas, ciclovias onde é possível pedalar tranquilamente. Nesse caminho vocês passarão em frente ao Green Point Stadium, o estádio onde foi disputada a final da copa do mundo da África do Sul e agora é palco de campeonatos locais. Se vocês se arriscam no golfe, este também é o lugar. Vários dias fui até lá e passei horas tentando jogar golfe. É um esporte muito praticado na cidade. Ao redor do estádio tem um campo de golfe bem frequentado, e para os iniciantes ainda tem um campo de mini golfe de frente para o mar, pronto para brincar de jogar!
Praia de Sea Point
Praia de Sea Point
Praia de Sea Point
Camps Bay: é o bairro mais badalado da região, onde estão os hotéis e bares mais chiques e onde você pode acabar esbarrando com uma celebridade em férias. Não é brincadeira! É top demais! Escolham um dos bares, peçam um drink e aproveitem o clima. Ou escolham um restaurante para jantar, conheçam ótimos pratos da culinária local e se maravilhem com o sol se pondo no mar.
Rota dos vinhos: como já tinha feito a rota dos vinhos no Chile, havia experimentado diversos tipos nos bares que eu frequentava em Cape Town e tinha mil coisas para fazer, além de estudar todos os dias, optei não gastar dinheiro nesse passeio. Mas, tenho que falar que ele existe porque algumas pessoas são viciadas em vinho (como eu) e vão querer conhecer se estiverem na cidade. Hoje, muito mais viciada em vinho do que naquela época tenho que confessar que sinto um certo arrependimento de não ter ido. Dizem por aí que a África do Sul é um paraíso para os apreciadores de bons vinhos. Sāo 23 regiões que abrigam diversas vinícolas. As mais famosas e belas delas estão em Western Cape. Há duas cidades com as vinícolas mais famosas:
Stellenbosch: uma pequena cidade localizada a 50 km da Cidade do Cabo abriga cerca de 150 vinícolas.
Franschhoek: um pouco mais a frente de Stellenbosch, quase 80 km da Cidade do Cabo, você chega a Franschhoek. Conhecida pelos seus vários festivais durante todo o ano, possui 50 vinícolas.
Dica: Compre vinhos, mas fique atento porque vocês só podem levar até 16 garrafas (750ml) ou 12 litros de vinho para o Brasil, para consumo pessoal, segundo as regras da alfândega.
Praias mais legais de Cape Town
Camps Bay: é a praia mais famosa de Cape Town, que de tão conhecida, atrai até celebridades. Há um fundo maravilhoso proporcionado pela Table Mountain, ideal para tirar foto. Me deram uma dica que foi bem proveitosa: levem uma cadeira de praia para assistir o pôr-do-sol. É lindo demais! É fácil de chegar nessa praia, pois fica perto do centro.
Boulders Beach: é a praia mais fofa que já fui! Sim, fofa! É a praia dos pinguins! Os pinguins africanos têm como seu habitat natural essa região. Há milhares desses animaizinhos nessa local e vocês podem chegar bem perto deles. Vocês verão as fofurinhas nadando, pegando um sol, dormindo ou passeando pela vegetação.
Essa praia de águas super geladas, fica em Simon’s Town, que é pertinho da Cidade do Cabo. O ingresso custa em torno de 60 Rands. Vocês apresentam o ingresso e caminham pelas passarelas curtindo os pinguins. O cenário é lindo entre pedras, areia branca e um mar verdinho. Há praias próximas onde é comum encontrar um ou outro pinguim sem o limite da passarela. Cheguem perto, fotografe, mas cuidado, eles podem ser agressivos caso se sintam ameaçados. Quase me arrisquei e levei um pra casa (rs). Passeio lindo e que vale muito a pena!
Eu e meu vizinho turco que também estava fazendo intercâmbio
Clifton: essa praia, ou melhor, esse conjunto de 4 praias, já entrou no Top 10 do Discovery Travel Channel e da Forbes. Muito chique, né?! Clifton é conhecida por suas águas turquesas e limpinhas. Lá vocês encontrarão a alta sociedade e muitas pessoas passeando com seus barcos e iates. A 1ª praia é ponto de encontro surfistas e jogadores de vôlei. As 2ª e 3ª praias são mais tranquilas, mas a 4ª é a mais top para os passeios em família e para quem está sozinho também. Eu ia muito nesta praia e inclusive dormi na areia enquanto lia um livro e peguei uma insolação (o sol africano queima demais). Passei uns dois dias sem conseguir andar de tanta dor, tudo queimado! Passe protetor, se proteja, o calor da África é exatamente o calor das piadinhas contadas por aí!
Muizemberg: é uma praia que ficou conhecida por ser o berço do surf na África do Sul, além da grande população de tubarões branco que vivem por lá. Nessa praia que funciona o Shark Spotters, um serviço de vigia contra tubarões, que envia alertas quando os animais estão próximos a costa, oferecendo perigo a banhistas e surfistas. Quando estive em Muizemberg essas animaizinhos simpáticos estavam próximos e não pudemos chegar perto do mar. A estação de trem de Muizemberg facilita a visita e é a melhor forma de chegar ao local.
As mesquitas em Cape Town
A maioria dos moradores da cidade são muçulmanos. No bairro onde eu morava creio que praticamente todo mundo. Quem quer apenas conhecer um pouco mais da religião, independente de qual seja a sua, aproveite para visitar as várias espalhadas pela cidade, em especial a Auwal Mosque (coloquei a foto dela no começo do post), primeira mesquita da África do Sul. Este edifício histórico foi fundada em 1797 pelo influente Imam Abdulla ibn Abd al-Salaam, um estudioso muçulmano conhecido e ativista. Ela fica no bairro que eu morava, Bo-Kaap. Fui muitas vezes com a minha família e algumas vezes sozinha, simplesmente para entender um pouco mais sobre a cultura deles.
Alimentação e vida noturna
Em relação a comida, achei tudo muito parecido com temos no Brasil. A refeição mais comum é carne com vegetais, tudo muito bem temperado. A carne de avestruz é muito popular também, mas não experimentei, não tive coragem. Na verdade eu comia a comidinha da minha “mãe africana”, raramente fazia alguma refeição na rua. Quando comprava algo no mercado era um petisco, uma bobeira qualquer. A maioria dos brasileiros que conheci amaram a comida de lá, só acharam um pouquinho apimentada demais e o fato do arroz ser cozinhado com açúcar (comentei logo no início) também não agradou os brasucas.
Nightlife em Cape Town
Cape Town oferece muitos bares, locais com música ao vivo. Fiquei muito surpresa porque na África do Sul, em especial nessa cidade, há muitas pessoas nativas, loiras de olhos azuis, diferente daquela ideia que temos de África. O local foi colonizado por europes. Quanto aos negros, há negros mais claros e outros bem mais escuros.O que fiquei mais impressionada é o preconceito que eles têm entre eles mesmos. Isso mesmo, os “menos negros” consideram os “mais negros” perigosos. Pode isso? A minha “família” sempre dizia pra tomar cuidado com os negros que fossem mais escuros que eles porque poderiam me roubar. Estava acostumada a ver preconceito de brancos com negros, mas de negro com negro foi a primeira vez.
Minha máquina maravilhosa me deixou como uma boneca de porcelana (rs)
Alguns lugares oferecem música típica
Colegas de todas as partes do mundo que conheci na escola
Uma das fotos que prova que estudar não foi a minha prioridade nessa viagem (rs)!
Enfim, fui em algumas festinhas brasileiras. Como tem muito brasuca na cidade eles organizam algumas eventos com músicas brasileiras, etc. Como fui em 2010, não vou citar muitos nomes porque muita coisa mudou, mas posso indicar dois lugares muito legais que sei que existem até hoje e são muito bem frequentados: Mama Äfrica e o pub The Dubliner.
E o famoso Safári?
Acho que vocês devem estar pensando? Como até agora ela não falou nada sobre isso! É, porque eu não fiz! Ok, me julguem. Na verdade três amigos que foram quando eu ainda estava decidindo se ia ou não (porque não é algo barato) se frustraram. Não viram praticamente nenhum animal! Chegaram revoltados, falando super mal do passeio e dizendo que o guia explicou que é impossível saber se o passeio será bom ou não, que tudo depende de sorte, dos animais passarem na sua frente no momento em que você estiver lá. Isso pode acontecer, ou não.
Pensei, pensei e resolvi deixar a ideia de lado. A grana já estava meio curta (já tinha feito de tudo e gastado o que podia e não podia) e estava muito afim de saltar no mais alto Bunge Jump do mundo. Entre os dois (precisava escolher) fiquei com o salto. Na verdade não me arrependo da escolha, mas se tivesse dinheiro para os dois talvez teria arriscado fazer, mesmo que talvez não encontrasse nenhum animal pelo caminho. Quem tem muita vontade de ter essa experiência eu recomendo, mas já tem que ir preparado e saber que os animais podem não darem as caras durante o passeio todo.
O Safari mais comum é feito no Garden Route Game Lodge. São carros 4×4 que comportam até 9 pessoas. O safári dura cerca de 2 horas. O guia leva o grupo até o mais próximo possível de cada animal que aparece e estaciona o carro para fotos e uma explicação sobre cada espécie.
Festas de final de ano e amigos para toda a vida
Sempre digo que a melhor parte da viagem é conhecer a cultura de outros países e fazer amizades, algumas pra vida toda. Nessa minha temporada passei Natal e Ano Novo junto com pessoas muito especiais e de vários cantos como Itália, Suécia, Rússia, Ilhas Maurício, Egito, Angola, Espanha, Arábia Saudita. Eu acho incrível essa mistura de culturas, todos tentando falar inglês (estavam lá pra aprender, a maioria não tinha fluência no idioma). Era risada, cerveja, vinho, conversa, uma enxurrada de conhecimento. Passar o primeiro Natal longe da minha família confesso que foi meio deprê, mas o Ano Novo foi top demais. Os estudantes geralmente têm a “mesma vibe”, se reúnem e fazem acontecer. Na virada lembro que era aniversário de uma garota da Rússia e o parabéns foi cantado em oito idiomas. Nunca me esqueço disso, desses momentos que simplesmente não tem preço! Só encontrei quatro fotos da noite de Natal, com amigos suiços, italiano e uma angolana.
Carnaval em Cape Town
Não imaginava, mas eles fazem uma festinha no Carnaval, que é comemorado no dia seguinte após a virada do ano (não sei se essa data é fixa ou varia como no Brasil). Tomei um susto quando saí na rua e vi um monte de gente fantasiada dançando músicas típicas e desfilando pelas ruas do bairro. Entrei na dança, literalmente. Não aguentei por muito tempo devido ao calor insuportável, mas foi muito bacana.
A foto está péssima, mas não posso deixar de compartilhar esse momento (rs)
Conheci muitas pessoas incríveis, mas algumas perdi o contato. Outras são amigas até hoje, como o colombiano Andres, que esteve três vezes no Brasil depois dessa viagem e eu estive duas vezes na Colômbia na casa dele, a Naiara, que mora no interior de São Paulo e temos contato até hoje, a Cintia, o Anderson (que saltou no Bungee Jump comigo) e o Everton, que vive em Sampa (e vira e mexe estamos juntos por aí, nos bares da vida). Só tenho que finalizar esse post dizendo que, apesar do inglês ter voltado ruim, foi uma das viagens mais maravilhosas da minha vida.
Gostaram do post? Dúvidas? Deixem comentários! Beijinhos :)
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