Boneca de ferro no mais alto Bungee Jump do mundo

by - domingo, dezembro 17, 2017


Olá, gente! Hoje eu vou contar sobre como foi saltar no mais alto Bungee Jump do mundo quando vivia na África do Sul! :)




Sem dúvida essa foi a mais aventura mais louca da minha vida. Nunca tinha saltado nem dos Bungee jumpings que a gente encontra em São Paulo, que são bem menores. Nunca tive coragem, confesso. Tomei essa atitude na loucura!! Morava na África do Sul (tem o post completo sobre minha vida por lá, é só clicar aqui), e fiquei sabendo que havia essa aventura me esperando. Pensei: “Nunca mais voltarei aqui, é agora ou nunca”. Encontrei mais dois brasileiros na escola, loucos como eu, que toparam ir comigo. Foi em 2010.














Meus parceiros de aventura


Já pensou se jogar de uma ponte de 216 metros de altura preso por uma corda elástica no pé? Foi isso que eu fiz. Já pensou em perder o vídeo dessa sua aventura? Sim, foi o que aconteceu. Tenho somente fotos desse dia e me corta o coração saber disso. O DVD do salto estava no carro (ia levar na casa do meu pai para ele assistir) e fui assaltada. Roubaram meu carro, tudo que tinha dentro, inclusive essa preciosidade. Não consegui outro porque o pessoa da empresa responsável logo apagou devido a grande demanda. Me dá até vontade de chorar quando penso que perdi essa lembrança, mas as fotos me salvaram. :(



Foi daí que eu saltei, da ponte Bloukrans River Bridge


A aventura já começou bem antes do salto. Vou contar o porquê. Antes quero escrever um pouco mais do que é esse tal de Bungee Jump. 

A Bloukrans River Bridge é uma ponte a 40 quilômetros de Plettenberg Bay, na África do Sul. Amarrados por um cabo de aço, os corajosos (eu me incluo nessa) passam cerca de 30 segundos curtindo a mais pura adrenalina. O cenário é a floresta Tsitsikamma, área de parque nacional. Para se ter uma ideia, o parque abrange um trecho de 80 quilômetros da costa. A aventura na época (2010) me custou cerca de 170 reais e a empresa responsável é a Face Adrenalin, muito boa por sinal. Me disseram que é 100% seguro e zero acidentes, então me joguei.



É gente, está no Guiness e quando vejo isso fico pensando em como tive coragem de fazer isso (rs)


Digo que a aventura começou muito antes do salto porque para chegar até a ponte foram onze horas de viagem. Morávamos em Cape Town (Cidade do Cabo) e não quisemos fechar aqueles pacotes caríssimos oferecidos por agências que costumam assaltar turistas. Pegamos um ônibus comum na rodoviária da cidade. Foram onze horas intensas. Uma madrugada e tanto. Transporte lotado, fedido, tanto calor que os “vidros suavam” e mal dava pra ver o lado de fora. O motorista corria feito um louco e por isso não consegui pregar os olhos. Conclusão, saltei sem dormir, com uma leve dor de cabeça (rs).

Chegamos em Plettenberg Bay de manhã cedo e não encontrávamos ônibus ou qualquer outro meio de transporte para chegar até a ponte do salto. Não existia ponto de ônibus. Nos informaram que os pontos eram os próprios postos de gasolina (para na frente e espera), mas ficamos parados por horas esperando e a única coisa que apareceu pra gente foi uma carona. Sim, uma carona. Pegamos porque era nossa última esperança. 

Seus pais também ensinaram quando criança que não devemos pegar carona com nenhum estranho? Pois é, os meus também, mas dessa vez fiz totalmente o oposto (rs).


A espera da carona. Perdidas na estrada após uma noite sem dormir (rs)


Além do perigo de entrar no carro de uma pessoa desconhecida, a irresponsabilidade das “crianças” foi além. O motorista estava bêbado, desabafava sobre a mulher que o largou. Várias garrafas de bebida vazias dentro do carro. Várias. O mocinho, que nem lembro o nome, era morador da região, mas nasceu na Alemanha. Ele não parava de falar um minuto e corria feito um louco. Ele também estava sem dormir. O jeito foi orar para que chegássemos no local sem sofrer um acidente. Tentávamos conversar com ele, acalmá-lo (já que estava passando por um momento delicado) e pedíamos para que ele não corresse. Foi tenso!!! 15 Km que pareceram 115! Nunca orei tanto (rs).

Enfim, ele nos levou, mas pediu para que passássemos com ele em uma praia próxima. Queria nos mostrar a cidade e não estávamos afim de conhecer nada naquele momento, além do medo disso ser uma emboscada ou algo do tipo. Estávamos mortos e com medo que ele fizesse algo com a gente. Ele não nos deu outra opção, paramos nessa praia que eu nem lembro o nome, ficamos dez minutos pra fazer a vontade dele e continuamos o trajeto. Hoje, com trinta aninhos acho que jamais faria isso. Só acho(rs)!



Até fotinho fomos obrigadas a tirar. Ele realmente queria fazer um turismo com a gente (rs)



Apesar de tudo chegamos inteiros e fomos em busca de comprar os tickets para saltar. Quase desisti depois que paguei, mas antes de ser medrosa sou mão de vaca e seria uma humilhação “dar pra trás “depois de todo sacrifício que fizemos pra chegar até lá (rs).




Finalmente!

O salto

Chegou a hora. Fizemos uma pequena trilha, paramos com vista para a ponte para receber as instruções e começamos a subir pela estrutura. Um corredor estreito mostrava toda a beleza do lugar pelas laterais e piso dando a real noção da altitude. Queria desistir, mas continuei. De um lado o mar azul, do outro mata verde e no chão um rio bem distante (bem distante mesmo!!). Neste momento eu estava respirando fundo, tentando me acalmar pra enfrentar o medo de altura, com vontade de ir ao banheiro, dor de barriga, cansaço por não ter dormido, mas estava feliz. (rs)

Chegamos na base do salto. A vibração top dos funcionários me contagiou. Música animada altíssima, equipe dançando sorridente e aquele visual de tirar o fôlego criaram o ambiente perfeito para ninguém pensar em desistir (mas, confesso que só não desisti pelos motivos que contei acima rs). Além de nós três, tinham mais 4 pessoas no nosso grupo, uma delas uma senhora de mais de setenta anos que estava tranquila, como se estivesse passeando no shopping. Surreal!

Era para eu ter sido a primeira a saltar por causa dos meus cinquenta quilos, mas não aceitei e depois de muita discussão eles me deixaram por último. Não refrescou nada, acho que até piorou. Ver as pessoas voltando do salto e me dizendo que a sensação era de morte não colaborou para me deixar mais tranquila. 

Colocaram a cordinha nas minhas canelas, o resto dos equipamentos. Os minutos não passavam e a ansiedade só aumentava. Um homem me pegou no colo porque eu tinha os pés presos e me entregou para outros dois na beira da ponte. Eles acharam que com um simples “3, 2, 1..jump!” eu saltaria. Não tive coragem e precisei ser empurrada com um simples toque que eu mesma pedi.







Caí pra morte (rs). Essa é a sensação, porque você só sente que está presa quando “bate e volta”. Antes disso, a impressão é que você vai dar com a cabeça no chão. Depois mais ou menos um minuto parou, fiquei pendurada pelos pés, de cabeça pra baixo, a cerca de 100 metros de altura. Não tem como se segurar. Os pés parecem escorregar e fiquei pensando que a qualquer segundo eu iria me esborrachar. Usei a força do abdômen para levantar o tronco e poder segurar as mãos na corda. Tive que aguardar a instrutora descer de rapel para me resgatar. Demorou um minuto e meio, o mais tenso da minha vida até ver a mocinha se aproximando. Abri um sorriso e disse que a pior parte era esperar por ela quando perguntou se eu estava bem. Ele ajustou as cordas, me prendeu a ele e fomos subindo. Ainda amarrada me colocou deitada em uma plataforma para tirar o equipamento. Foi nessa hora que fizeram a melhor piada que já ouvi na vida, que na verdade não era uma piada: “A senhora ganhou um salto de costas, totalmente gratuito. Vai querer?”. A resposta nem preciso escrever (rs).








Meu certificado


Coleciono certificados e diplomas que me dão orgulho: faculdade, trabalhos voluntários, cursos, mas esse abaixo, sem dúvida nenhuma é um dos que mais me dá mais orgulho. Mais um medo superado. Mais um sonho realizado.



Supere seus medos. Teste seus limites, faça aquilo que você jamais pensou em fazer. Tente, se arrisque. Eu sou assim e isso faz com que eu me sinta cada dia mais forte. Cada medo superado (seja lá qual for) é uma vitória!


Gostaram do post? Dúvidas? Deixem comentários! Beijinhos :)

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