Voluntariando no Haiti
Olá, gente! Hoje vou
compartilhar com vocês a experiência de ter sido voluntária em um dos
países mais atingidos por desastres naturais e miseráveis do mundo. Espero que gostem e sirva como aprendizado de vida, assim como foi para mim :)
De onde veio a ideia de viajar para o Haiti?
Tenho orgulho de falar
sobre esse país, que mudou muito a minha vida. Já tinha feito trabalho voluntário fora do
Brasil, no Peru, mas foi uma experiência totalmente diferente. Estava
procurando um lugar para curtir as minhas férias de julho de 2016 e decidi que
queria fazer algo que pudesse, além de e divertir, ajudar também, que pudesse viver alguma coisa
nova, algo me trouxesse aprendizado.
Pra quem não sabe, estou terminando a faculdade de Relações Internacionais, e na época conheci uma garota do Paraná que estudava no mesmo lugar e levava voluntários para o Haiti todos os anos. Fui convidada e resolvi abraçar a ideia.
Pra quem não sabe, estou terminando a faculdade de Relações Internacionais, e na época conheci uma garota do Paraná que estudava no mesmo lugar e levava voluntários para o Haiti todos os anos. Fui convidada e resolvi abraçar a ideia.
A princípio tinha
escolhido voluntariar na Venezuela, mas estudei a possibilidade e achei que o
Haiti podia me render uma grande experiência de vida. Envolvia um trabalho com
crianças, e eu sou apaixonada por crianças. Fomos em 13 voluntários do Paraná e
São Paulo, incluindo estudantes de medicina, nutrição, engenharia, direito,
etc.
Preparativos e os motivos que quasem fizeram com que eu desistisse
Quando abracei a ideia
foi meio na loucura. Sabia que o país não tinha energia elétrica, água
encanada, saúde pública e nem coleta de lixo, mas não imaginava que era dez
vezes pior do que isso. A coordenadora era de Curitiba e fez somente uma
reunião comigo e com a menina que também era de São Paulo. A falta de
informação e organização dificultou muito, a ponto de quase desistir da viagem.
Não davam orientação do que levar, de quais projetos realizaríamos, da
possibilidade de levar um projeto próprio (nunca fui avisada disso, fiquei
sabendo quando já estava lá), demorava mais de uma semana pra responder em mensagens (quando respondiam) pelo whatssap. Tudo errado, uma bagunça sem fim, mas mesmo assim resolvi não desisti e
encarei com a cara e a coragem.
Lá, na prática, também tivemos problemas graves com falta de organização, inexperiência por falta das coordenadoras, então todos que perguntam se eu recomendo digo que não, que se a pessoa está afim de ir é melhorar viajar por conta ou procurar outra ONG.
Lá, na prática, também tivemos problemas graves com falta de organização, inexperiência por falta das coordenadoras, então todos que perguntam se eu recomendo digo que não, que se a pessoa está afim de ir é melhorar viajar por conta ou procurar outra ONG.
Quanto custou essa viagem?
Muita gente me pergunta
se alguém "banca" meus trabalhos voluntários. Não, ninguém banca. Pelo fato de
ter muitos contatos, experiência na área, etc, muitas vezes consigo algumas
facilidades ou até mesmo formas mais baratas para que meu roteiro não
ultrapasse o que realmente cabe no meu bolso, mas não tenho patrocínio (nem
nunca procurei) , tudo que fáco são das minhas economias, do trabalho remunerado que realizo no Brasil e da minha força
de vontade de ajudar o próximo.
Nessa viagem gastei com
a passagem e paguei a outra parte para essa coordenadora que incluía as
hospedagens dos lugares que fiquei, a comida e uma parte que sobrasse seria
comprado materiais pra realização dos trabalhos e outros gastos extras. Não foi
muito dinheiro, se tivesse feito tudo por conta sairia bem mais caro, mas a
coordenadora fez um tipo de um pacote pra todo mundo e ficamos em casas de
conhecidos dela.
Lá mesmo não gastei
praticamente nada porque praticamente não fizemos turismo, era de casa para o
trabalho e vice-versa.
Para chegar ao Haiti
descemos em Santo domingo, na República
Dominicana (clique aqui para saberem como aproveitei os quatro dias que estive por lá)., encontramos
todo o grupo para seguir viagem de ônibus para o Haiti.
Meu voo fez escala na Colômbia e de lá tomei outro voo para SD. Esse segundo tive a sorte que uma mulher pediu pra que eu sentasse no lugar dela para ela estar do lado do marido e o assento dela era na classe executiva. Fui tomando champagne e comi tudo do bom e do melhor sem pagar (rs)! Haja sorte!
Meu voo fez escala na Colômbia e de lá tomei outro voo para SD. Esse segundo tive a sorte que uma mulher pediu pra que eu sentasse no lugar dela para ela estar do lado do marido e o assento dela era na classe executiva. Fui tomando champagne e comi tudo do bom e do melhor sem pagar (rs)! Haja sorte!
Desfrutando da primeira classe
Passei um dia em Santo
Domingo na ida e três na volta (aproveitei para turistar um pouco). Não conhecia
ninguém do grupo. Algumas pessoas tive bastante afinidade, outras nenhuma. Alguns voluntários são
meus amigos até hoje. Conviver 24 horas por dia com tanta gente diferente,
variadas idades e estilos sem ao menos conhecer direito cada um não é uma
tarefa fácil e exige uma paciência inacreditável, mas no final das contas tudo
foi um grande aprendizado de vida. O jeito é engolir as diferenças e lembrar que estamos ali para um bem comum.
Nosso grupo de voluntários em SD prontos para viajar ao Haiti
Foi bem cansativa, porém são
apenas sete horas. O calor é insuportável nos dois países e isso me desanimou
bastante porque não gosto tanto de calor e a minha pressão ficava muito baixa, meu dias e as atividades que realizava rendiam muito menos que eu queria.
A parada nas duas fronteiras durou cerca de uma hora e não tivemos nenhum problema. Nossa primeira parada era Porto Príncipe, a capital.
A parada nas duas fronteiras durou cerca de uma hora e não tivemos nenhum problema. Nossa primeira parada era Porto Príncipe, a capital.
Fronteira
Um pouco sobre o Haiti
Toda animada até estrear esse saco de dormir e ver o quanto ele era péssimo (rs)
O Haiti foi a primeira república negra do
mundo a declarar sua independência. O Haiti é o país mais pobre do hemisfério
ocidental, com 80% de sua população vivendo na pobreza, com menos de US$ 2 por
dia. Dois terços dos haitianos dependem do setor agrícola e são vulneráveis aos
danos ocasionados por desastres naturais, agravados pelo desmatamento.
Situação das ruas da capital
O setor de produção de roupas representa dois terços das exportações do Haiti para os Estados Unidos. Além disso, o Haiti sofre com uma grande inflação, possui uma infra-estrutura limitada e um severo déficit comercial. O governo haitiano depende de ajuda internacional para seu sustento fiscal. Além disso, enfrenta problemas com o tráfico de drogas. No Haiti, o narcotráfico corrompeu o sistema judicial e as forças policiais.
O
Brasil foi o responsável pela organização das forças de paz na ilha. Quando
estive lá ainda haviam brasileiros trabalhando. O objetivo era colaborar na
reconstrução física e institucional haitiana com apoio nas áreas de segurança,
de engenharia e saúde.
Ah, o Haiti é no Caribe, gente! Muitas pessoas têm dúvida, também já tive! Não sei exatamente o porquê as pessoas pensam que a ilha fica na África, talvez associam com a pobreza, cor da pele da população. Enfim, é uma ilha caribenha!
Ah, o Haiti é no Caribe, gente! Muitas pessoas têm dúvida, também já tive! Não sei exatamente o porquê as pessoas pensam que a ilha fica na África, talvez associam com a pobreza, cor da pele da população. Enfim, é uma ilha caribenha!
O
idioma que falam por lá é o criollo e o francês (muita gente não fala porque nunca frequentou uma escola).
A moeda é o Gourdes, mas pelo que vi não tem valor nenhum e a maioria dos lugares aceita o dólar.
A moeda é o Gourdes, mas pelo que vi não tem valor nenhum e a maioria dos lugares aceita o dólar.
Doações que recebemos no Brasil
Levamos
para o Haiti muitas doações. Além do dinheiro que arrecadamos entre nós
voluntários que conseguimos comprar os materiais para desenvolver as atividades
com as crianças, conseguimos arrecadar roupas, escovas de dente, calçados,
materiais de pintura e muitas outras coisas. Eu consegui a ajuda de um amigo
que doou 30 camisetinhas. Cada um arrecadou de um lado e chegamos na ilha com bastante
coisa. Parte do grupo fez um evento em Curitiba e também conseguiu arrecadar
doações em dinheiro que ajudaram na hora de comprar os materiais para realizarmos as atividades propostas.
Criança de um dos orfanatos que trabalhamos com as blusinhas doadas pelo meu amigo
O
trabalho
Apesar
da tamanha desorganização, no final das contas conseguimos desenvolver
praticamente tudo que tínhamos proposto no início da viagem. Propus reuniões diárias para programarmos o
que seria feito no dia seguinte e funcionou bastante, melhorou a organização e passaram a dividir melhor as taredas.
Nosso trabalho era basicamente visitar alguns orfanatos já definidos e em cada um deles desenvolver determinadas ações. Passamos pela capital Porto Príncipe, pelo interior MountRouis e pela área de montanhas, Kenscoff. Vou contar separadamente como foi o trabalho em cada um:
Nosso trabalho era basicamente visitar alguns orfanatos já definidos e em cada um deles desenvolver determinadas ações. Passamos pela capital Porto Príncipe, pelo interior MountRouis e pela área de montanhas, Kenscoff. Vou contar separadamente como foi o trabalho em cada um:
Primeira
parada- Porto Príncipe
Hospedagem
Ficamos hospedados na casa do casal Steve e Zhanna (amigos das nossas coordenadoras) alguns dias no começo da viagem e alguns nos últimos dias antes de voltar a Santo Domingo. Ele é
haitiano e ela é russa. Eles vivem no local e fazem trabalho voluntário há
alguns anos, realizam missões pelo Haiti e são integrantes de uma igreja.
A casa era bem grande e tinha gerador de energia, coisa rara no país, praticamente só os "ricos" têm acesso. Apesar de ter energia elétrica, a água do chuveiro era gelada e muitas vezes a luz acabava. A alimentação era mais legalzinha porque eles cozinhavam para a gente, mas ficávamos o dia todo fora e levávamos lanches. Sempre pão com queijo, pão com salsicha. Eu não como carne e acabei voltando pra casa quase quatro quilos mais magra.
A casa era bem grande e tinha gerador de energia, coisa rara no país, praticamente só os "ricos" têm acesso. Apesar de ter energia elétrica, a água do chuveiro era gelada e muitas vezes a luz acabava. A alimentação era mais legalzinha porque eles cozinhavam para a gente, mas ficávamos o dia todo fora e levávamos lanches. Sempre pão com queijo, pão com salsicha. Eu não como carne e acabei voltando pra casa quase quatro quilos mais magra.
Zanna e Steve com a filha
Por
causa do calor o pessoal optou por colocar os colhões na sacada da casa, mas
como haviam ratos passando por lá a noite toda preferi dormir no quarto (rs). Era tudo junto e
misturado, mas haviam regras impostas pela coordenação: era proibido se
relacionar, beber e outras coisinhas mais que nem lembro. Mas, o pessoal era
muito tranquilo, algumas pessoas da igreja, casadas, não tivemos nenhum
problema.
O Banho tinha que ser rápido, nada de desperdício. Tomar banho gelado era bom porque era um calor do cão, mas ficar sem secador, chapinha, era difícil! No final das contas foi bom pra deixar um pouco as frescuras de lado. Unha, depilação? Nem lembrávamos o que era isso depois de alguns dias.
O Banho tinha que ser rápido, nada de desperdício. Tomar banho gelado era bom porque era um calor do cão, mas ficar sem secador, chapinha, era difícil! No final das contas foi bom pra deixar um pouco as frescuras de lado. Unha, depilação? Nem lembrávamos o que era isso depois de alguns dias.
Jamais.
Trabalho e cama. Não tem energia elétrica na rua, é um país super perigoso. Só
teve um dia que a coordenadora programou uma folga e fizemos um pequeno turismo
de carro onde pudemos ir em alguns pequenos pontos para comprar umas
lembrancinhas durante o dia, nada mais que isso. Único lugar que íamos de vez
em quando era no mercado, mas era tudo extremamente caro! Poucos têm acesso e
conseguem fazer uma compra digna em um mercado de lá.
Em uma das lojas de artesanato. Tudo caríssimo!
Galeria que vende artesanatos
Mirante
Internet?
Celular? Como se comunicar?
Compramos um chip do Haiti e colocávamos crédito. Mas, dava pra usar muito
pouco, o dinheiro sumia em um, máximo dois dias. Tínhamos que deixar o celular em
modo avião enquanto não usávamos. Para por crédito era caro, tudo
caro.
Para se comunicar com as pessoas na rua era um caos porque não falávamos nenhum dos dois idiomas, somente a coordenadora que arranhava um pouco o criollo, ajudava quando dava, mas também não fazia muita questão de nos ajudar (rs).
Para se comunicar com as pessoas na rua era um caos porque não falávamos nenhum dos dois idiomas, somente a coordenadora que arranhava um pouco o criollo, ajudava quando dava, mas também não fazia muita questão de nos ajudar (rs).
Tradutor
Tínhamos
um tradutor, o Walex. Ele é haitiano, mas fala cinco idiomas, inclusive o português.
Pessoa de muito bom coração, nos ensinava algumas palavras,
traduzia quando necessário. Mas, é muito difícil um tradutor só para 13
voluntários. O jeito era fazer mímicas, desenhos, se virar (rs)!
Como foi o trabalho em Porto Príncipe
Nos primeiros dias focamos nosso trabalho em dois
orfanatos. O primeiro deles foi o Orpheliant Especiale Coupe du Monde, que chamávamos de
VUDU, porque os diretores tinham essa religião. Foi o orfanato mais
precário em relação a higiene. Desenvolvemos alguns projetos com as trinta e
poucas crianças que vivem no local. Por incrível que pareça, a maioria tem pai e
mãe, mas as abandonam devido a falta de recursos para criá-las.
Sim, esse é o orfanato
Foi um choque tão grande quando entrei naquele lugar que
não imaginava que era assim. Não tem banheiro e o poço
secou (não tem água para banho e nem para beber), o esgoto está a céu aberto no meio
do pátio e a situação deplorável desencadeou um surto de sarampo, catapora,
rubéola e uma infestação de carrapatos. Todas as crianças tem algum tipo
de problema, fazem as necessidades no meio do pátio e usam as mesmas roupas todos os dias.
Todas as crianças tomam banho com a mesma água
A maioria das camas não tinham colchão, a comida (quando tem)
é feita a céu aberto. Vi
Vimos uma galinha sendo morta na frente das crianças durante um ritual de Vudu, que tristeza, passei até mal! Depois comeram a galinha no almoço. na maior naturalidade. Não tinha um dia que não saía de lá abalada, chorando. Na verdade, a maioria dos voluntários.
As crianças eram maravilhosas. Nos receberam vestidos com camisetinhas da seleção brasileira, cantaram pra gente. Nunca vi tanto amor e nunca recebi tanto amor. Amor verdadeiro de seres humanos com coração puro, que precisam de atenção e carinho.
Vimos uma galinha sendo morta na frente das crianças durante um ritual de Vudu, que tristeza, passei até mal! Depois comeram a galinha no almoço. na maior naturalidade. Não tinha um dia que não saía de lá abalada, chorando. Na verdade, a maioria dos voluntários.
As crianças eram maravilhosas. Nos receberam vestidos com camisetinhas da seleção brasileira, cantaram pra gente. Nunca vi tanto amor e nunca recebi tanto amor. Amor verdadeiro de seres humanos com coração puro, que precisam de atenção e carinho.
Ouvi muitos comentários que esse orfanato maltrata as
crianças. Além de presenciarem, disseram que elas são usadas nos rituais. Uma tristeza sem
fim. Mal administrado, sem regras, sem fiscalização do governo, sem nada. Um lugar de ninguém.
Meu chicletinho
Atividades
Desenvolvemos muitas atividades com esses pequenos. Muita
recreação, brincadeiras, doamos roupas, desenvolvemos projeto de pintura, uma
atividade fotográfica realizada por uma fotógrafa que estava com a gente (ela
tirou fotos das crianças e fez um varal para que eles tivessem contato com fotografias pela primeira vez).
Fizemos limpeza, pintamos algumas brincadeiras no chão (como a amarelinha), vermifugamos cada uma delas (tinha uma estudante de medicina no grupo). Enfim, passamos muitos dias legais, com direito a aulas de dança.
No último dia elas fizeram uma homenagem e cantaram pra gente. Muita emoção!
Fizemos limpeza, pintamos algumas brincadeiras no chão (como a amarelinha), vermifugamos cada uma delas (tinha uma estudante de medicina no grupo). Enfim, passamos muitos dias legais, com direito a aulas de dança.
No último dia elas fizeram uma homenagem e cantaram pra gente. Muita emoção!
Desfile das meninas com vestidinhos que levamos das doações feitas no Brasil
Cada dia que ia embora pra “casa” meu coração apertava e já
queria voltar. Parecia que conhecia aquelas crianças há anos! Muitos pediam para serem levadas ao Brasil, não desgrudavam da gente.
Eles precisam de muito amor e me cortou o coração um dia ter que me despedir, ir embora em definitivo e não poder fazer nada mais para o futuro delas. Mas, não podemos pensar assim, quando realizamos um trabalho voluntário temos que ter em mente que estávamos fazendo a nossa parte, o quanto a gente pode. Se cada um fizer um pouquinho com certeza vai fazer toda a diferença.
Eles precisam de muito amor e me cortou o coração um dia ter que me despedir, ir embora em definitivo e não poder fazer nada mais para o futuro delas. Mas, não podemos pensar assim, quando realizamos um trabalho voluntário temos que ter em mente que estávamos fazendo a nossa parte, o quanto a gente pode. Se cada um fizer um pouquinho com certeza vai fazer toda a diferença.
Como nos preveníamos das possíveis doenças
Divisão de tarefas e atividade no segundo orfanato
Divídiamos as tarefas para que ficasse mais organizado, mas
cada um tinha a liberdade de brincar com as crianças, fazer o que quiser.
Quando tinha alguma atividade específica todos os voluntários focavam nela.
Cada um liderava uma atividade. Algumas pessoas levaram projetos próprios, tudo que seria desenvolvido era programado no dia anterior. Os materiais também eram separados antes de sairmos para o trabalho (levávamos corda, bola, doações, materiais de desenho e pintura, etc)
Nossa segunda parada foi no orfanato Rosalina Argentina (o dono é argentino). O espaço é enorme, abriga mais de 70 crianças. As condições de higiene eram um pouco melhores do que o primeiro que fomos, mas ainda não oferecia o básico. Quase ninguém ali conhece uma pasta de dente (quando têm escova fazem a higiene com água). Fraldas são raridades, então a maioria dos bebês fica sujo de fezes e urina e as pessoas que trabalham no local pouco se importam, acham tudo normal, já se acostumaram com a situação. Muitos dele tem febre, vários outros problemas, mas ninguém se preocupa com isso porque a saúde pública é inexistente no país.
Cada um liderava uma atividade. Algumas pessoas levaram projetos próprios, tudo que seria desenvolvido era programado no dia anterior. Os materiais também eram separados antes de sairmos para o trabalho (levávamos corda, bola, doações, materiais de desenho e pintura, etc)
Crianças fazendo a oração antes do almoço. Essa parte laranja é um pouquinho de carne que eles comem por dia (quando tem)
Nossa segunda parada foi no orfanato Rosalina Argentina (o dono é argentino). O espaço é enorme, abriga mais de 70 crianças. As condições de higiene eram um pouco melhores do que o primeiro que fomos, mas ainda não oferecia o básico. Quase ninguém ali conhece uma pasta de dente (quando têm escova fazem a higiene com água). Fraldas são raridades, então a maioria dos bebês fica sujo de fezes e urina e as pessoas que trabalham no local pouco se importam, acham tudo normal, já se acostumaram com a situação. Muitos dele tem febre, vários outros problemas, mas ninguém se preocupa com isso porque a saúde pública é inexistente no país.
Bebezinha usando o vestido doado pelos voluntários
Guardei esse desenho feito por uma criança que o sonho dela é ter um orfanato
Nesse orfanato tinham deficientes em situação deplorável,
sujos, sem nenhum cuidado. Encontrava três delas frequentemente no quarto
isoladas, chorando, cortava meu coração! As crianças dividem as poucas roupas,
a pouca comida, a pouca água...o pouco tudo! Mas, nunca deixam de sorrir. Como
não sair desse lugar sendo uma pessoa melhor?
Nesse local desenvolvemos muitas atividades de pintura,
futebol, corda, desfile para as meninas. Distribuímos escovas de dente, que depois de alguns minutos já estavam no chào, todas misturadas. Talvez porque nunca tiveram a oportunidade de terem algo pra chamares de SEU , não aprenderam e não têm ideia do que é isso. Compartilham tudo que tem, desde sempre. Por isso, as escovas de dente também eram compartilhadas...
Limpeza é algo raro, penso que por desleixo mesmo, as coordenadoras não se importam com nada, mas acredito que por falta de água e de recursos para comprar produtos também. Eles acabam se acostumando com a sujeira e se torna algo natural.
Foi nesse orfanato que conheci um grupo da MINUSTAH (missão de paz da ONU integrada por brasileiros) que foram fazer uma visita no local. Fiz uma boa amizade com um deles que me indicou para um curso muito bacana sobre missões de paz. Acabei indo ao Rio de Janeiro por uma semana no mês de setembro de 2016 para participar. Foi incrível.
Limpeza é algo raro, penso que por desleixo mesmo, as coordenadoras não se importam com nada, mas acredito que por falta de água e de recursos para comprar produtos também. Eles acabam se acostumando com a sujeira e se torna algo natural.
Visita do exército das Nações Unidas
Foi nesse orfanato que conheci um grupo da MINUSTAH (missão de paz da ONU integrada por brasileiros) que foram fazer uma visita no local. Fiz uma boa amizade com um deles que me indicou para um curso muito bacana sobre missões de paz. Acabei indo ao Rio de Janeiro por uma semana no mês de setembro de 2016 para participar. Foi incrível.
Momentos emocionantes, tristes, mas conseguimos arrancar
sorrisos dessas crianças tão sofridas e carentes. Missão cumprida mais uma vez.
Segunda parada: Interior do Haiti
A caminho de Montrouis
Outra parte do nosso trabalho foi no interior da ilha. Vou
aproveitar para falar sobre o nosso transporte. Tanto pela capital do Haiti, quanto para outras viagens, usávamos o famoso Tap-Tap, que é um tipo de um táxi
compartilhado usado como meio de transporte no país. Alguns deles são decorados
(vi até pintura do rosto do Neymar) e super desconfortáveis.
As ruas não são muito boas, o calor infernal e as costas doem demais. Imagina para chegar ao interior que foram mais de duas horas de viagem.
As ruas não são muito boas, o calor infernal e as costas doem demais. Imagina para chegar ao interior que foram mais de duas horas de viagem.
A caminho do interior. O Haiti é lindo, sim! É Caribe!
Espremidos dentro de um Tap-Tap
Dá pra imaginar que é uma foto no Haiti?
Hospedagem no interior
Ficamos hospedados na casa da família do Judge, um haitiano
que vive nos Estados Unidos, tem uma ótima vida e hoje ajuda muito a família e a comunidade onde ele nasceu.
Essa cidade tem muitos resorts famosos e é um destino bem procurado por turistas, porém tem uma comunidade muito humilde que não tem sequer energia elétrica. Onde permanecemos por cerca de cinco dias não tinha (apenas uma placa solar comprada pelo Judge que carregávamos o celular por uma hora e meia por dia). Nada de geladeira, nada de ventilador. A noite o calor passava de 30 graus e dormíamos todos em um quarto pequeno.
A maioria dos voluntários teve algum problema durante a viagem. Pressão baixa, tontura, dor de barriga, virose e cansaço eram alguns dos nossos problemas. Não dava pra descansar e eu praticamente não dormi. Bichos passando do nosso lado, lençóis que cheiravam mal.
Se foi difícil pra gente, como será pra essas pessoas que enfrentam isso todos os dias?
Essa cidade tem muitos resorts famosos e é um destino bem procurado por turistas, porém tem uma comunidade muito humilde que não tem sequer energia elétrica. Onde permanecemos por cerca de cinco dias não tinha (apenas uma placa solar comprada pelo Judge que carregávamos o celular por uma hora e meia por dia). Nada de geladeira, nada de ventilador. A noite o calor passava de 30 graus e dormíamos todos em um quarto pequeno.
A maioria dos voluntários teve algum problema durante a viagem. Pressão baixa, tontura, dor de barriga, virose e cansaço eram alguns dos nossos problemas. Não dava pra descansar e eu praticamente não dormi. Bichos passando do nosso lado, lençóis que cheiravam mal.
Se foi difícil pra gente, como será pra essas pessoas que enfrentam isso todos os dias?
A casa que ficamos hospedados
Já bem mais magra tirando uma selfie do quarto onde ficaram hospedados todos os voluntários
Eu e o Judge
Banho de canequinha com as águas de tambores, baldes para lavarmos a
louça. O vaso sanitário existia, mas a descarga não. Tudo muito
precário. Comida cozinhada no chão e comíamos somente alimentos que não estragavam, já que
geladeira não tinha.
Chegou uma hora que ninguém aguentava mais comer pão com salchicha, tomar água quente, realmente não era fácil. Nessa altura já estávamos chegando no limite.
Como não voltar agradecendo a Deus cada vez que ligamos o chuveiro? Não dava valor pra isso, hoje eu dou.
Chegou uma hora que ninguém aguentava mais comer pão com salchicha, tomar água quente, realmente não era fácil. Nessa altura já estávamos chegando no limite.
Assim que lavávamos a louça
Pia improvisada para escovar os dentes e lavar as mãos
Nossas refeições eram preparadas assim
Quase uma haitiana
Como não voltar agradecendo a Deus cada vez que ligamos o chuveiro? Não dava valor pra isso, hoje eu dou.
Construção da escola
Nosso trabalho no interior também consistia em auxiliar na construção de uma escola
para a comunidade. O projeto foi financiado pelo Judge. Nós, oferecemos nosso trabalho e
passamos alguns dias ajudando na construção (carregando blocos de concreto, fazendo serviço pesado).
Qualquer trabalho no Haiti exigia demais de cada uma de nós porque o calor era insuportável. Uma das coisas que atrapalhou bastante meu desempenho foi esse clima, que deixava a minha pressão no pé e não tinha forças para realizar algumas atividades pesadas. Hoje, a escola está pronta. :)
Qualquer trabalho no Haiti exigia demais de cada uma de nós porque o calor era insuportável. Uma das coisas que atrapalhou bastante meu desempenho foi esse clima, que deixava a minha pressão no pé e não tinha forças para realizar algumas atividades pesadas. Hoje, a escola está pronta. :)
Outras atividades com a comunidade
Além das doações de roupas, calçados, oficinas de pintura e
tudo o que já citei anteriormente, fizemos atividades de higiene pessoal. Ensinamos
como escovar os dentes corretamente e lavar as mãos, passo a passo. Era
tudo muito legal porque as crianças haitianas são muito receptivas, aceitaram fazer tudo que propuzemos com a maior boa vontade.
Fomos muito bem acolhidos pelos parentes do Judge, todos humildes, gente do bem. Foi a parte mais difícil da viagem em que todos já estavam exaustos, mas foi bem produtivo.
Voltamos para Porto Principe e logo partimos para as montanhas. Abaixo algumas fotos de uma tarde de folga no interior. Conhecemos uma das praias da região.
Fomos muito bem acolhidos pelos parentes do Judge, todos humildes, gente do bem. Foi a parte mais difícil da viagem em que todos já estavam exaustos, mas foi bem produtivo.
Voltamos para Porto Principe e logo partimos para as montanhas. Abaixo algumas fotos de uma tarde de folga no interior. Conhecemos uma das praias da região.
Terceira parada: Kenscoff
Viajando para a área de montanhas
Me aventurando de moto
A viagem de moto
foi bem arriscada. Moto velha, pneus careca, três em cada moto e tenho certeza
que o piloto não tinha CNH (rs)! Aliás, nem sei se isso existe no Haiti. O
trânsito é caótico (não tem energia elétrica consequentemente não tem faróis,
radares, etc). As pessoas brigam, se batem, se xingam nas ruas. Gritam e
buzinam o tempo todo. Pensa em um caos!
Para subirmos até as montanhas não tinha trânsito, mas o perigo era
maior ainda. Estradas de terra cheias de pedra, beirando precipícios, com malas
nas costas, três em um veículo só (quase caindo), o piloto que corria como um louco.
Sério, não sei como sobrevivemos. Foi engraçado, uma aventura louca, mas não
posso negar que em alguns momentos pensei que não sairia viva.
A volta também foi de moto...rs
A volta também foi de moto...rs
Hospedagem
Os dias que permanecemos nas montanhas dormimos em uma
igreja. A coordenadora já tinha o contato da pessoa responsável que nos cedeu o
espaço. Levamos saco de dormir e dormimos no chão, nos bancos, cada um
encontrava um jeito de se acomodar. Já adianto para quem for utilizar saco de
dormir em uma viagem não seja mesquinho como eu e compre um que presta.
Quis pagar super barato no meu e parecia que estava deitava em uma folha de
papel. Me arrependi demais (rs), tanto é que deixei por lá mesmo, nem trouxe pra
casa.
Nosso banheiro
A vida nas montanhas
A comunidade que vive no local é super humilde. Algumas
crianças ficaram em choque porque nunca tinham tido contato com pessoas da
pele branca. Nos olhavam como se fôssemos de outro planeta. São pessoas muito
receptivas, carentes, que vivem sem energia elétrica, sem internet, sem água encanada e muitas delas nem
conhecem a cidade. A maioria sobrevive da caça.
Alguns homens trabalham com suas motos, fazem das mesmas táxis e cobram dos moradores. Não consegui muitas informações da vida dessas pessoas, a comunicação era muito difícil e nossas coordenadoras não tinham muitas informações, mas ficou bem claro que falta o básico, só amor nunca falta naquele lugar.
Alguns homens trabalham com suas motos, fazem das mesmas táxis e cobram dos moradores. Não consegui muitas informações da vida dessas pessoas, a comunicação era muito difícil e nossas coordenadoras não tinham muitas informações, mas ficou bem claro que falta o básico, só amor nunca falta naquele lugar.
Atividades
Passávamos o dia com as crianças, desenvolvemos várias
atividades e levamos muitas doações. Como essas pessoas vivem nas montanhas
fica difícil para ter acesso até mesmo para comprar uma roupa. Foram dias
incríveis. Acordávamos cedo e dormíamos assim que escurecia. Não tinha luz, não
tinha gerador. Ficamos em comunicação, apenas com o restinho de bateria que
trouxemos da cidade até que ela acabasse.
A viagem estava maravilhosa, mas nossos corpos estavam moídos, mais de duas semanas sem dormir direito, enfrentando um calor absurdo, trabalhando de segunda a segunda. Dizem que cada dia no Haiti é tão intenso que parecem quatro. É a pura verdade, só vivendo para acreditar.
A viagem estava maravilhosa, mas nossos corpos estavam moídos, mais de duas semanas sem dormir direito, enfrentando um calor absurdo, trabalhando de segunda a segunda. Dizem que cada dia no Haiti é tão intenso que parecem quatro. É a pura verdade, só vivendo para acreditar.
Como as pessoas conseguem viver assim? Qual será o futuro
deles? Penso nisso até hoje, quase todos os dias.
Voltamos para Porto Príncipe, na casa do Steve. E seguimos nosso trabalho em outro orfanato.
Voltamos para Porto Príncipe, na casa do Steve. E seguimos nosso trabalho em outro orfanato.
De volta a cidade- Último orfanato
Chegamos mortos, mas ainda tínhamos uma missão,
desenvolver um trabalho intenso no orfanato Bless a Child. Foi o local
escolhido para passar mais dias e fazer mais atividades. Ali também
investimos aquele dinheiro que sobrou do que pagamos no começo da viagem e
conseguimos comprar muitas coisas úteis para os pequenos.
Situação do orfanato
Segundo a coordenadora Marirose, que mora no orfanato até hoje, é um haitiano que
vive em Miami que mantém o Bless. Ele envia apenas 100 dólares por mês para sustentar cerca de doze crianças. Ou seja, não dá pra nada. O salário da Marirose? Oitenta dólares por mês.
Emm uma das nossas conversas a coordenadora disse que não recebia nadinha há oito meses. Afirmou
que não sai do emprego porque tem muito amor pelas crianças, mas acredito que nem ela tenha pra onde ir.
Banheiro do orfanato
Fogão, onde as refeições são preparadas
Utensílios usados para fazer a comida deles
Garrafas plásticas são usadas como copos no dia a dia dos pequenos
Cozinha do orfanato
Quando chegamos vimos que muitas camas não tinham colchões, a pintura estava horrível, lixo acumulado no quintal (queimavam o lixo ali mesmo), poço quebrado e comida quase não tinha. Visitei a dispensa e só vi pacotes de milho, mais nada. Alguns dias eles só comiam isso mesmo. Faziam uma papa de milho com água ou leite (quando tinha) e nada mais que isso. Crianças desnutridas, carentes, tudo muito difícil e o pior, sem expectativa de alguma mudança. Mas, chegamos para tentar amenizar isso tudo, e na minha opinião conseguimos.
Um novo orfanato
Nesses dias de trabalho no Bless, conseguimos comprar tintas, fizemos um multirão e pintamos toda parte externa e interna da casa. Decoramos, fizemos
desenhos, um mural de fotos das crianças. Em dois dias tiramos todo lixo
acumulado no quintal.
Todas as crianças nos ajudaram e fizemos questão de conscientizar cada uma sobre a importância de ajudar e preservar o ambiente onde elas moram. Até uma plaquinha de boas maneiras foi pregada logo na sala do orfanato para que todas pudessem ler e praticar.
Todas as crianças nos ajudaram e fizemos questão de conscientizar cada uma sobre a importância de ajudar e preservar o ambiente onde elas moram. Até uma plaquinha de boas maneiras foi pregada logo na sala do orfanato para que todas pudessem ler e praticar.
Vermifugamos todas, doamos calçados e roupas e conseguimos
comprar alguns colchões. Fizemos reparos em algumas coisas quebradas. Todos
os dias de trabalho eram muito divertidos, com muito bate papo, dança, futebol.
Alegria nunca faltava. E bronca também, quando necessário (rs). Criança é
sempre criança e adora aprontar.
Antes
Depois
Conseguimos montar kits escolares e entregamos para cada um. Além disso, fizemos uma festinha anual, para comemorar o aniversário de todos, com
direito a bolo feito pelos voluntários, docinhos, salgadinhos, refrigerante,
chapeuzinho (algo que eles nunca tiveram na vida). Ah, o parabéns cantado em
inglês, português e criollo.
Conseguimos comprar uma televisão e uma bicicleta para eles
dividirem. Em Porto Príncipe há cerca de duas horas de energia
elétrica por dia (mas não avisam o horário e alguns dias ela não aparece). Também
conseguimos o dinheiro para que fosse consertado o poço que estava com
problema.
Crianças sendo pesadas e vermifugadas
A horta
Um dos trabalhos mais legais que fizemos nesse orfanato foi a
construção de uma horta. Por ironia do destino, encontramos o americano Taylor em uma loja de produtos para jardinagem. Ele tem um projeto
chamado Haiti Communitere em que ele desenvolve diversos trabalhos sustentáveis.
Em uma conversa dentro da loja, ele conheceu nosso projeto e resolveu
ajudar. Financiou alguns materiais e passou dois dias trabalhando com a gente no orfanato.
Voluntários, as crianças e a equipe do Taylor depois que a horta foi concluída
Passamos alguns dias trabalhando em conjunto: eles, nós e as
crianças, limpando, plantando, regando, pintando pneus, um trabalho cansativo,
mas que literalmente rendeu bons frutos.
Em uma reunião dada pelo Taylor as crianças aprenderam a cuidar do que foi construído e alguns meses depois recebemos fotos de legumes e verduras nascendo na hortinha. Muita emoção! Ninguém aparece na nossa vida por acaso e espero que essa horta continue sendo cuidada com todo amor e carinho e que possa alimentar essas crianças que tanto necessitam.
Em uma reunião dada pelo Taylor as crianças aprenderam a cuidar do que foi construído e alguns meses depois recebemos fotos de legumes e verduras nascendo na hortinha. Muita emoção! Ninguém aparece na nossa vida por acaso e espero que essa horta continue sendo cuidada com todo amor e carinho e que possa alimentar essas crianças que tanto necessitam.
Foto enviada pela corrdenadora depois alguns meses que mostra as frutas e legumes nascendo na hortinha do orfanato
A difícil despedida do Haiti
Esse orfanato foi nosso último local de trabalho na Ilha e logo
partimos para Santo Domingo novamente. Cada despedida foi um choro e acho que
cada voluntário deixou um pedacinho do coração por lá. Um país azarado, onde
tudo acontece. Um país destruído, futuros destruídos. Mas, ali existe muito
amor e muita beleza também. Existe muita gente do bem, muita história. A gente voltou porque nossa vida precisa seguir, mas não faltaram motivos pra ficar ao lado de
cada criança que me abraçava como nunca ninguém fez.
Foi difícil a despedida e até hoje penso em cada um deles. Sempre digo que fui dar amor, mas recebi muito mais do que dei. Cheguei na
minha casa no Brasil e passei muitos dias abalada. Parei de reclamar tanto e
passei agradecer mais. Posso dizer que voltei do Haiti uma nova mulher.
Obrigada, Haiti!
Gostaram do Post? Dúvidas de como seu um voluntário no Haiti? Deixem comentários, Beijinhos.
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