Desvendando o México

by - sábado, setembro 17, 2022

 Oi gente, tudo bem? Finalmente consegui terminar de escrever sobre como foi a minha aventura no México. Antes tarde do que nunca. Uma viagem muito bacana, mas também a única vez que fui "deportada" de um país e só consegui visitá-lo na segunda tentativa (rs)

Vou contar isso e muito mais a partir de agora. Espero que vocês gostem e que leiam com atenção para que passem um perrengue desse!


Dia dois de junho de 2022 seria a viagem tão esperada.  O roteiro estava sendo preparado há quase três meses. Tenho que confessar que nunca tive o sonho conhecer Cancun e esses lugares "da modinha" que todo mundo vai. Meus objetivos e conceitos sobre viagens são bem diferentes da maioria (rs). O México foi parar no meu roteiro porque eu amo viver culturas e também porque eu quis aproveitar para conhecer os países da América Central e do Norte enquanto estava vivendo mais pertinho deles.

Estava precisando tirar essas férias, inclusive para o bem da minha saúde mental. Estava planejado começar pelo México e seguir por terra para Belize, Costa Rica e Nicarágua. Tudo comprado, esquematizado e lá vamos nós. 

Como já comentei anteriormente, morei e trabalhei na Colômbia por quase dois anos. Então, saí da cidade de Cali rumo à Cancun. Cheguei na imigração de Cancun e fiquei por lá, não consegui entrar no México. Mas antes de contar como tudo aconteceu, quero compartilhar um pouquinho sobre a história e outras informações importantes sobre o México, como sempre faço nos meus posts.

O México, oficialmente Estados Unidos Mexicanos, está localizado na América do Norte. Ele faz fronteira com os Estados Unidos da América ao norte e com a Guatemala e Belize ao sul. É banhado pelo Golfo do México, pelo Mar do Caribe e pelo Oceano Pacífico e se destaca economicamente entre os países da América Latina. O México foi colonizado pelos espanhóis que iniciaram a sua exploração em 1519 com Hernán Cortés.

O México é rico em recursos minerais e se dedica principalmente à exploração mineral e a indústria. Ele é o maior produtor de prata do mundo. No que diz respeito à produção de petróleo também está bem posicionado. O país consta na lista entre os dez maiores produtores do mundo.

O IDIOMA E A MOEDA

O idioma oficial é o espanhol e a moeda é o Peso Mexicano (MXN), que é a mais negociada na América Latina. A título de curiosidade, ela é também a terceira mais negociada nas Américas (só perde para os dólares americano e canadense) e oitava no mundo, comprovando sua força. 


Curiosidades:

Essa moeda foi a primeira no mundo a adotar o símbolo $, antes até que o dólar americano. A outra curiosidade é que o nome “peso” tem origem no antigo dólar espanhol que circulava nos países latinos, que tinha “peso ouro” e “peso prata”. O nome foi mudando até virar a unidade oficial de vários países de origem hispânica.

O QUE CONHECI EM CANCÚN

Cancún é uma cidade situada na Península de Iucatã, na costa do Mar do Caribe. Como a maioria dos brasileiros sabe. é conhecida por suas belas praias, resorts e agitada vida noturna. Ela é composta por duas áreas distintas: a área mais tradicional do centro da cidade, El Centro, e a Zona Hotelera, uma longa faixa à beira-mar com grandes hotéis, casas noturnas, lojas e restaurantes. Cancún também é um famoso destino para estudantes durante o período de férias.

Há muitos lugares pra conhecer em Cancún, mas como tinha somente três dias precisei definir prioridades. 

Não sou (já fui um dia) uma pessoa de sair na noite e também não sou aquela pessoa que vai colocar uma toalha no chão, ou sentar em uma cadeira e ficar horas esticada tomando sol. Jamais. Não gosto. Não fiquei em resort (all inclusive) e nem tudo o que a galera da modinha faz (rs), fiquei em uma hospedagem comum e perto de tudo (bati perna pra caramba).Valeu a pena. Era meu propósito, viver a cultura do país, me divertir um pouco e seguir viagem para Belize. 

Quando visitei o México estava um sol pra cada um, era uma loucura ficar na rua, parecia que eu ia morrer (rs). 

Tanto os dois cenotes que conheci, quanto o Parque Arqueológico de Chichen Ilza conheci através de uma excursão da GetyourGuide. Era meio impossível fazer sozinha por conta da logística e do calor absurdo. Se fosse de transporte público seria um perrengue gigante, tentei pesquisar sobre. O passeio durou o dia e todo e não lembro quanto paguei na época, mas dei uma pesquisada nos preços atuais (julho/2025) no mesmo site e varia de 50 a 80 dólares.

1- Parque Ecológico de Chicken Itzá

A cidade pré-hispânica de Chichen Itzá foi uma das maiores e mais influentes, cidades do Império Maia durante mais de mil anos. Sua riqueza histórica faz com que, presentemente, o Chichén Itzá seja Património da Humanidade da UNESCO e tenha sido eleito como uma das Novas 7 Maravilhas do Mundo.

Na minha opinião, é um dos locais imperdíveis. Mesmo quem vai para Cancún com o intuito de visitar as praias, recomendo que visite esse lugar porque é lindo e cheio de história. O parque fica na província de Yucatán.



Eu sabia que não ia dar pra conhecer o parque inteiro, então fui passeando pelos templos, olhando tudo que dava. Tinham muitas barraquinhas de artesanato e produtos típicos no caminho e o local estava bastante cheio. É realmente super turístico.

O guia deu um tempo pra passearmos e esse tempo não era longo, mas foi o suficiente pra conhecer o que eu mais queria que era a Pirâmide de Kukulkan, principal templo de Chichén-Itzá. Ela tem cerca de 30 metros de altura!

É possível subir à Pirâmide de Kukulkan?

Não. Desde o ano de 2006, quando uma turista escorregou na escadaria e faleceu, ficou proibido subir na Pirâmide. A medida não foi tomada apenas por questões de segurança; visa também a preservação da construção, que vinha sofrendo um enorme desgaste com o aumento expressivo de visitantes.

Pertinho da Pirâmide de Kukulkan é possível ver o Grupo das Mil Colunas, um conjunto arquitetônico vasto e imponente, com cerca de duas centenas de colunas de pedra, que alberga o chamado Templo dos Guerreiros, pilares com baixos relevos interessantes e uma belíssima estátua de Chac Mool.

Também conhecido como Templo do Sumo Sacerdote, o Ossuário é uma pirâmide com nove blocos de degraus e uma escada em cada lado. O edifício serviria como registo solar, para os maias terem uma referência mais precisa do tempo, algo fundamental em termos agrícolas. 

2- Cenote Sagrado Ik-Kil e Cenote Suytun

O cenote Ik Kil é um dos mais famosos e está localizado na cidade de Tinum. A sua beleza é impressionante, com águas cristalinas para serem observadas e, para quem quiser, é possível nadar para ver suas profundezas usando snorkel. Não quis nadar nesse, nadei no segundo Cenote (fui nos dois no mesmo dia) porque depois já me troquei direto pra ir embora para o hotel.

O Ik Kil fica em um parque ecológico que conta com boa estrutura de restaurante e cabanas. Ele fica praticamente cinco minutos de carro do Parque Arqueológico. No entanto, justamente por estar ao lado de um destino muito popular, o local está sempre muito cheio.

Esse cenote é bem “estruturado”. Há restaurante e sorveteria; tem um estacionamento gigante; o banheiro é amplo e limpo. Não é permitido descer com nada (nem bolsas/mochilas) além de celular, trocas de roupa e equipamentos para snorkeling – há muitos armários para guardar os pertences, com funcionários monitorando tudo. O colete salva-vidas é obrigatório e disponibilizado no local, e também é necessário tomar uma ducha (gelada) antes de entrar. É lindo e vale a visita.







O Cenote Suytun foi o segundo que visitei. Ele é espetacular e dos locais mais concorridos e fotografados de toda a região. Em termos geológicos, consta se tratar de um cenote “jovem”. Tem forma circular e é fechado por uma abóbada perfeitinha, com a particularidade desta ter uma pequena abertura na superfície que permite a penetração da luz solar. É lindo. É mágico. Mas a água é super gelada (rs).






3- Isla de las mujeres

Esse foi o meu dia de praia em Cancún e não me arrependi da escolha que fiz. Não fui através de excursão, fiz tudo por conta! Se é possível fazer por conta eu prefiro. Sempre.

Me desloquei até o porto, comprei as passagens de barco e fui curtir o meu dia, sem me preocupar com nada, é libertador poder fazer tudo sozinha sem esperar um grupo imenso, ter horário para tudo, etc.

Para pegar o ferry boat que faz a travessia entre Cancún e a Isla de las Mujeres há a opção de sair do centro (Puerto Juaréz) ou da Zona Hoteleira (pela Playa Tortuga). Há várias empresas que fazem o trajeto. 






Assim que desembarcamos, caminhamos por cerca de 10 inutos até chegr n Playa Norte, que ganhou o título de uma das 10 praias mais belas do mundo. Merecido, é linda demais mesmo. 

O mar é raso, de águas calmas e cor azul intenso. Fiquei por ali mesmo, curtindo os restaurantes, bares, a água e o sol (apesar de não gostar muito de tomar sol... rs



A rede de bares e restaurantes é bem diversificada, são muitas as opções que oferecem drinks, boa comida, guarda-sol e cadeira. Outra opção são os beach clubs, onde você pode passar o dia inteiro no sistema day use.

3- O CENTRO DE CANCÚN

Alguns dos lugares mais interessantes para visitar e conhecer a cultura local no centro da cidade são: Plaza Bonita, o Mercado 28, o Planetário da cidade, Parque de las Palapas, Plaza de Toros e  Malecón Americas. Vale a pena bater muita perna e ir conhecendo tudo, entrando nas lojinhas de souvenires, bares, restaurantes, etc. Pra que não gosta de caminhar debaixo de um sol insuportável, não faltam carrinhos de golf pelo centro para serem alugados (por um preço bem salgadinho).



Bom, antes de compartilhar como foi conhecer Tulum, queria comentar um pouco sobre a culinária local. Quem me conhece sabe que sou super chata pra comer,  e que apesar de amar viver culturas e literalmente vivenciar o dia a dia dos nativos de onde eu visito, não costumo experimentar muitas coisas novas quando se trata de comida (rs). Definitivamente meu blog não é o ideal para quem busca dicas do que comer em viagens, principalmente para os carnívoros (rs).

Mas tenho que confessar que no México foi até um pouquinho diferente, estava muito afim de provar diferentes tipos de pimenta (rs). Eu adoro, mas não sou aquele tipo de pessoa que enche a comida de pimenta. Acho que ela dá um sabor especial. Aproveitei que estava no México e chutei o balde, me enchi de pimenta (rs).



AS PIMENTAS MEXICANAS

As pimentas mexicanas são extremamente famosas, então liguei o dane-se e saí provando pimenta em todo canto. Algumas saborosas e suaves, outras que ardiam a alma e eu pensei que ia morrer (rs). 





Não provei só a pimentinha líquida, que coloca na comida. Comprei produtos apimentados no super mercado. Alías, quase tudo no supermercado contém pimenta (rs). 

Os salgadinhos, por exemplo, são uma bomba. Comprei um cheetos que era tão apimentado que tingiu a minha mão de vermelho e dava até dor no peito quando engolia. (rs)








Achei impressionante como as pessoas são acostumadas a comer esse tipo de coisa e nem sentem, inclusive crianças! Eu amo jalapeño, que é muito comum no México e pouco comum no Brasil. Comi bastante também.

A pimenta começou a ser utilizada na culinária do Mèxico pelos indígenas da América Central, mas só ganhou reconhecimento mundial após o período das grandes navegações da época da colonização. Os nativos cultivavam espécies de plantas picantes desde 7000 a.C. Uma delas era a Capsicum Annuum, que com o passar dos anos evoluiu, dando origem a novas variedades de pimenta, como a Jalapeña e a Caiena. O Império Maia plantava mais de 30 variedades dessas plantas. Os astecas seguiam mais ou menos o mesmo caminho, já que sua culinária era bastante sofisticada, sempre carregada de molhos e receitas bem picantes.

A evolução da tradicional cozinha mexicana aconteceu quando as pimentas secas passaram a ser utilizadas como ingredientes para temperos e nas salsas, os famosos molhos picantes. As salsas podem ser verdes, com tomate verde e jalapeño ou com tomate-vermelho, pimenta habanera e pimentão.

Apesar de todos esses fatores históricos, também existe uma crença por trás do alto consumo de pimenta no país. Acredita-se que a ingestão dessa iguaria ajuda a equilibrar a temperatura corporal e evitar os efeitos causados pela sensação de calor do país. 

Enfim, nunca comi tanta pimenta na vida, mas em contrapartida não tomei sequer um gole de tequila (super típica no México). Eu odeio tequila e ela pode ser encontrada no México em cada esquina, de vários tipos, marcas. E não apenas as tequilas, licores e bebidas em geral de todos os tipos que vocês podem imaginar não faltam nas lojas de Cancún.




Sobre compra de souvenirs, é possível encontrar em muitos lugares. Creio que no centro da cidade o preço é melhor. Dentre minhas comprinhas, tive que adquirir a minha caveirinha. Pra quem não sabe, as caveiras mexicanas (diferentes e super coloridas) são uma tradição no país e será fácil de perceber durante uma visita ao país. Em qualquer lojinha ou barraca de rua elas estarão presentes. Elas remetem à vida, à alegria e é uma forma de celebrar com beleza a existência de amigos e parentes que já partiram deste mundo.








MEUS DOIS DIAS EM TULUM

Quando cheguei em Tulum já estava morta. Como comentei anteriormente a minha viagem começou no México, em Cancún. Depois segui para Belize, Costa Rica e Nicarágua. Como a viagem também terminou no México, conheci Tulum na volta. Era fim de viagem, uma viagem por terra no calor, carregando malas. Resumindo: cheguei em Tulum com mais vontade de descansar do que de conhecer (rs). Viagens por terra são maravilhosas, mas ao mesmo tempo cansativas

Meus dois dias foram basicamente assim: praia (estava um calor infernal e o único jeito pra conseguir permanecer ali foi sentar em um restaurante na areia, na área coberta), um barzinho pra relaxar, voltas e voltas pela cidade de bike (meu hotel alugava por um precinho ótimo), piscina do hotel e cama (rs)


Além de lindas praias, Tulum tem uma zona arqueológica muito bacana. Mas não explorei essa parte. Também optei por não conhecer ruínas e mais Cenotes. Já tinha visto o que eu queria em Cancún e estava bastante satisfeita.

Fica a dica das melhores praias de Tulum: Playa Paraíso, Playa Santa Fe, Playa Pocna, Playa Ziggy e Playa Ruinas.

Bom, finalmente chegou a hora de contar pra vocês como foi, pela primeira vez, ser deportada de um país (rs)! Espero que tenha sido a primeira e a última. Não foi nada legal, principalmente porque a culpa não foi minha.

COMO FOI O PERRENGUE

Resumindo: a partir de agosto de 2022 o México passou a exigir visto para brasileiros, antes disso era diferente. Minha primeira tentativa de entrar no México foi em junho de 2022 e ainda era o esquema do visto eletrônico. 

Fiz o visto e fui com toda a minha documentação no balcão de check in da Copa Airlines e a mocinha que me atendeu deu ok, inclusive com um carimbo que diz que os documentos estão ok, e eu embarquei normalmente de Cali (Colômbia) para Cancún (México) feliz e contente. Afinal, foram meses planejando essa viagem.

Quando cheguei na imigração do México eles disseram que um dos meus sobrenomes estava faltando no visto eletrônico e que eu não poderia entrar, ao menos que entrasse no site novamente e fizesse outro visto. Me levaram pra salinha da imigração e ali tinha mais os menos uns 40 brasileiros na mesma situação. Obviamente achei que isso fosse super simples, entrei no site deles e....estava fora do ar! Fora do ar há 72 horas. Todos que tinham até UM ACENTO faltando no formulário eles deixavam horas nessa salinha. Eles tiravam o celular da gente, nos tratavam como lixos, gritavam. Um bando de grosseiros e machistas.

Me desesperei. Afinal, não sabia quando o sistema ia voltar pra refazer o documento e, os idiotas da imigração mesmo sabendo que o site estava fora do ar, não nos deram outra opção, diziam apenas que não poderiam fazer nada pela gente e  que se o site não voltasse a funcionar teríamos que voltar pra casa. 

Nessa salinha tinham idosos, casais indo pra Cancún pra lua de mel, crianças, terrível e injusto. Não tinha nem como avisar alguém da família, ninguém podia usar celular. Não tinha cadeira pra todo mundo, tive que ficar sentada no chão. Quando pedia água eles davam uma folha sulfite para fazermos de copo. Muita gente chorando, inclusive eu. No começo pensei que o sistema ia voltar, mas depois de algumas horas fui perdendo a esperança.

Fiquei indignada: "Como o site do governo fica fora do ar e eles não resolvem o problema de outra maneira? Realmente não queriam resolver o problema, era tudo muito estranho. Foi um caos, uma verdadeira humilhação. Muita maldade desses caras. Nós turistas enchemos o país de dinheiro, não somos criminosos e ainda ganhamos isso em troca. Gritos, xingos. Passaram de todos os limites.

Eu tinha viajado pela Copa Airlines. Após mais ou menos sete horas trancada naquela sala do inferno, um funcionário da companhia entrou e me chamou dizendo que tinha um último voo de Cancún a Cali e que eu teria que voltar, que já não dava pra esperar o sistema voltar pra refazer o documento senão eu teria que dormir no aeroporto. Comecei a chorar e pedi pelo amor de Deus pra emprestarem meu celular pra contatar a minha família e eles disseram que não, que eu teria meu telefone devolvido somente na Colômbia. Estava, basicamente, sendo tratada como uma criminosa, pior tratamento da minha vida! Quase 80 países viajados, nunca fiquei irregular em nenhum país, funcionária da ONU e passando por isso. Que loucura!

Enfim, estava prestes a perder toda a viagem que não era só para o México, era para 3 outros países também. Estava prestes a perder reservas de hotéis, passeios, tudo o que eu tinha pagado e planejadp.  Nessa hora eu desabei, fiquei muito mal, mas não dava pra resolver nada nesse momento. O funcionário da companhia pegou meu passaporte e meu celular que estavam com o policial, pediu pra eu pegar minha mala de mão e me levou até a porta do avião juntamente com 3 caras africanos que estavam tentando entrar no país com passaporte falso. Ou seja, eu estava realmente recebendo um tratamento de criminosa. 

Passei a maior humilhação da minha vida. Fui levada até a porta do avião com todos os passageiros olhando pra minha cara. O cara  que me levou usava um colete que deixava claro que ele estava acompanhando pessoas que estavam sendo deportadas. Nem gosto de lembrar. 

Ele esperou todos os passageiros embarcarem, fomos os últimos. Entregou o meu passaporte e celular para o chefe de cabine e foi embora. Nesse momento passou de tudo na cabeça: estava com ódio dos policiais e da maneira que fui tratada, humilhada. Pensava também no meu prejuízo financeiro, pensava na minha família porque seriam mais várias horas de avião sem comunicação. Não desejo nem ao meu pior inimigo o que eu passei.. e injustamente! Ainda tive uma escala no Panamá, nem voo direto era!

No avião fui bem tratada pelos comissários. Chorei o caminho todo e eles me deram toda atenção, me acalmaram. Ninguém sabia que eu não entrei no país porque faltou UM sobrenome no documento, me olhavam estranho como se eu fosse um monstro, não merecia ter passado por isso. 

Quando cheguei em Cali devolveram o meu celular e comecei a correr atrás de cancelar reservas, me comunicar com a família, avisar o meu chefe que voltaria a trabalhar no dia seguinte e teria que prorrogar as minhas férias. 

Tive que dormir uma noite em Cali porque já não tinha ônibus pra ir para a casa (eram dez horas de viagem até a cidade que eu morava). Gastei hotel, taxi, vocês não imaginam o caos que foi e o quão exausta eu estava.

Remarquei tudo, perdi uma boa quantia de dinheiro, mas após umas semanas finalmente consegui fazer o roteiro que tinha planejado. Entrei no México sem nenhum problema, não questionaram absolutamente nada. A verdade é que eu perdi um pouco o encanto pelo país pela maneira que tinha sido tratada na imigração. Foi bem traumático. A cultura machista me "pegou" um pouco. Mas tentei esquecer o que passou e curtir a minha viagem.

Abri um chamado na Copa Airlines  para reclamar sobre o que tinha ocorrido. Ao meu ver, a pessoa que me atendeu no balcão no check in não deveria ter permitido meu embarque se estava faltando o sobrenome no visto. Ela me pediu o visto e conferiu! Conferiu e não falou absolutamente nada. Eu tive que comprar outra passagem aérea e queria ser ressarcida do que perdi.

Após mais de um mês a companhia me respondeu dizendo que não era culpada e que não poderia fazer nada por mim. Fiquei com o prejuízo. Pensei em entrar na justiça, mas eu morava no Brasil, não sabia como fazer isso estando fora e acabei deixando quieto. Não gosto de deixar quieto quando tenho razão de algo, mas virou um problema muito difícil de resolver nas condições que eu estava. 

É isso gente, sempre revisem os documentos, sempre tenham muita atenção, para que nunca tenham que passar pelo que passei. Na maioria dos países não existe jeitinho brasileiro, compaixão, pena, sensibilidade. Em muitos lugares as pessoas não estão nem aí e não farão esforço algum para que o problema seja resolvido, mesmo que seja um problema minúsculo. Infelizmente.

Gostaram do post? Espero que sim. Até a próxima e grande beijo!






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