Polônia: Cracóvia e os Campos de Concentração

by - sábado, maio 06, 2023

 Oi gente, tudo bem? Estou aqui pra compartilhar com vocês sobre a realização de um sonho: conhecer a Polônia e é claro, os campos de concentração, maior símbolo do Holocausto perpetrado pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. Embarquem nessa aventura comigo porque foi simplesmente uma das experiências mais interessantes que vivi.


Vou dividir o post em duas partes: a primeira compartilharei um pouco sobre a Polônia de uma maneira geral e um pouquinho de Cracóvia, a qual passei cinco dias. No final, vou contar como foi conhecer os campos de concentração.

Quando morei na Europa, em 2019, já tinha o sonho de conhecer esse país, mas por questões logísticas, passagens aéreas meio carinhas e a minha disponibilidade  por causa do trabalho, não deu certo. Conheci vários países europeus e não consegui visitar a Polônia. Foi só no final de maio de 2023 que finalmente concretizei esse desejo antigo.

Antes de continuar, vou comentar com pouquinho sobre a Polônia, inclusive sobre algumas curiosidades desse país.

A Polônia está localizada no centro da Europa e é o sétimo maior país do continente. A população é de mais de 38,5 milhões de pessoas. O país faz fronteira com sete países: Alemanha, República Checa, Eslováquia, Ucrânia, Bielorrússia, Lituânia e Rússia.

Em relação ao clima, a temperatura média do verão varia de 20 a 30 graus. Os invernos são muito rigorosos  e as temperaturas podem chegar aos 10 graus negativos.  

A Polônia é um Estado-Membro da União Europeia desde 2004 e membro da OTAN desde 1999. A moeda oficial do país é o zloty, que é abreviado como PLN. Não há exigência de visto para brasileiros para estadia de até 90 dias em um período de seis meses.





O idioma na Polônia é o polonês. É uma língua eslava ocidental falado por mais de 50 milhões de pessoas e é a sexta língua mais falada da União Europeia. Em todo o mundo existem cerca de 45 milhões de pessoas que falam o polonês.







E uma curiosidade: Curitiba é a segunda cidade fora da Polônia com o maior número de habitantes de origem polaca.

A Polônia tem um regime governamental parlamentarista. O presidente é o chefe de Estado e o primeiro-ministro é o chefe do governo. O país segue a divisão de poder clássica entre Executivo, Legislativo e Judiciário.

A história antiga da Polônia é marcada por certo protagonismo político na porção oriental europeia, especialmente em razão do progresso econômico advindo da união dos reinos locais. A Comunidade Polaco-Lituana, por exemplo, uma parceria com a vizinha Lituânia, trouxe avanços geopolíticos para os poloneses. Porém, em razão da sua localização geográfica, em uma zona estratégica e com presença de depósitos minerais, o território polonês foi invadido por diferentes potências europeias ao longo do tempo.

A independência oficial do país em tempos mais recentes ocorreu somente em 1918, como um desdobramento do fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Mesmo assim, a independência não significou consistente estabilidade política, visto que, em 1939, a Alemanha invadiu a Polônia, dando origem à Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Os poloneses sofreram com diversos ataques mortais ao longo do conflito e conviveram de perto com vários campos de concentração nazistas construídos pelos alemães.

A partir do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Polônia ficou sob influência da União Soviética, que instalou um governo comunista no país. O autoritarismo durou até meados de 1989, quando revoltas locais coordenadas por sindicatos civis defenderam o estabelecimento de uma democracia no país. Nesse contexto, com a adoção de um regime parlamentarista de poder, a Polônia finalmente experimentou certa estabilidade política e desenvolvimento econômico, em um momento marcado pela aproximação com a Europa Ocidental.

ALGUMAS CURIOSIDADES SOBRE A POLÔNIA:
  • O nome “Polônia” (Polska em polonês) carrega um significado histórico e cultural. A palavra “Polska” é derivada da Polanie, uma tribo eslava primitiva que desempenhou um papel crucial na formação do Estado polonês;
  • Possui o maior castelo do mundo, Malbork. Construído pelos Cavaleiros Teutônicos no século 13, tem mais de 21 hectares e uma impressionante arquitetura gótica;
  • Usar um chapéu dentro de casa é considerado indelicado. Essa norma cultural está enraizada na etiqueta tradicional, onde tirar o chapéu ao entrar em uma casa ou em qualquer espaço interno é um sinal de respeito;
  • É considerado inadequado levar um número par de flores para um funeral. Os números ímpares são culturalmente mais adequados, pois simbolizam respeito e solenidade;
  • É um dos países mais religiosos da Europa, com a maioria da população se identificando como católica romana. A alta frequência à igreja e a influência das tradições religiosas contribuem para a forte conexão entre fé e vida cotidiana no país;
  • A Polônia é o berço da vodka, com uma história que remonta ao início da Idade Média. A produção tradicional envolve a destilação de grãos fermentados ou batatas, tornando a vodka polonesa reconhecida mundialmente por sua qualidade e significado cultural;
  • Eles têm uma cerveja quente e temperada. Isso mesmo. Conhecido como “grzane piwo” em polonês, envolve o aquecimento da cerveja com várias especiarias, como cravo e canela. Ela é apreciada durante os meses mais frios, proporcionando uma bebida reconfortante e festiva para as celebrações de inverno;
  • O polonês é considerado desafiador devido à sua gramática complexa, fonética diversificada, formação de palavras intrincada e vocabulário único. Aprender polonês pode ser gratificante, mas é um dos idiomas mais difíceis do mundo;
  • Não é permitido beber bebidas alcoólicas nas ruas;
  • Batata para o povo polonês é como feijão/arroz para o brasileiro, não pode faltar nas refeições diárias;
  • A culinária polonesa é rica em temperos e variedade de alimentos. Os mais tradicionais são o pierogi (massa cozida com recheio que pode ser doce ou salgado), bigos (repolho cozido com carne e linguiça), sopas variadas e bistecas de porco empanadas;
  • As ruas, em geral, são muito limpas.






Acho que todos sabem que o Papa João Paulo II era Polonês. Ele morreu em 2005. Vários souvenirs que encontrei por lá tem a foto desse Papa, seja um imã de geladeira ou uma caneta. Também encontrei várias fotos do Papa espalhadas pela cidade, muitas delas pichadas e rabiscadas com ofensas a ele. Não sei o porquê, talvez pelo fato dele ter sido acusado por jornalistas de que ele havia nomeado padres pedófilos quando era cardeal de Cracóvia. Revelações que sugerem que João Paulo II conscientemente encobriu abusos sexuais. Isso ocorreu em marco de 2023, pouco antes da minha visita. Não sei se isso foi comprovado ou não, como estão as investigações...

CONHECENDO CRACÓVIA

Me hospedei a 1,5 km do centro histórico da cidade. Foi muito bom porque pude fazer o que realmente gosto, bater perna e conhecer tudo sem precisar de transporte público. Caminhei pra caramba, em alguns dias mais de 13 km, mas valeu a pena. Cracóvia é linda, tem cerca de 850 mil habitantes e apesar do povo polonês ser um dos mais frios, secos e diretos que conheci na vida toda, os passeios foram muito legais.


Cracóvia já foi a antiga capital da Polônia e possui uma rica história que remonta ao século VII. Durante a Segunda Guerra Mundial, a cidade foi ocupada pela Alemanha nazista, mas sofreu relativamente poucos dados estruturais em comparação com outras cidades polonesas como a capital Varsóvia
Hoje em dia, a cidade deixou seu passado cinza para trás e se tornou uma grande metrópole e centro turístico. Encontrei uma cidade charmosa, cheia de vida, muito limpa, civilizada e organizada. 



Minha visita foi no final de maio de 2023, tinha solzinho e calorzinho durante o dia, mas ainda estava fazendo bastante frio. Via os poloneses de shorts e camiseta, 10 graus pra eles é calor (rs).

Ah, esqueci de comentar o porquê eu escolhi Cracóvia e não Varsóvia. Simplesmente porque é bem mais próxima dos campos de concentração. Varsóvia está há mais de 300 km de lá. Faz todo sentido para quem tem pouco tempo e objetivo principal a visita aos campos.

O QUE CONHECI EM CRACÓVIA

1- Cidade histórica/ Praça Rynek (Praça do Mercado)

Em primeiro lugar, quero falar do centro histórico, que por si só já é um dos motivos para visitar a Cracóvia. Desde 1978, o local é tombado pela Unesco como Patrimônio Histórico da Humanidade. Aliás, foi o primeiro centro histórico do mundo (junto com o de Quito, no Equador) a receber a honraria.

É o coração da cidade, uma região histórica e onde não é permitido entrar carro. É muito gostoso percorrer por ela toda a pé. No dia que visitei tinha um solzinho bom e a Praça Rynek Glowny (maior praça medieval da Europa) estava completamente lotada. Várias barraquinhas vendendo souvenirs, brinquedos, artesanatos e os restaurantes ao redor da praça todos lotados. Muitas pessoas fazendo shows, dançando ou tocando algum instrumento. Tudo muito lindo, limpo e civilizado.



Essa praça conta com um importante significado histórico, cultural e social. Ao longo dos séculos foi o lugar escolhido pelos comerciantes e uma impassível testemunha de diversos acontecimentos, tais como cerimônias, celebrações e execuções públicas, chegando inclusive a adotar o nome de Adolf Hitler Platz durante a ocupação nazista.









Discreta e num cantinho da praça se encontra uma das igrejas de pedra mais antigas da Polônia, a Igreja de St. Adalbert (ou Igreja de St. Wojciech), que tem cerca de mil anos de história!


Vale destacar mais  alguns lugares interessantes dessa praça:


  • Mercado de Tecidos (Sukiennice): Situado no centro da Praça do Mercado, foi inaugurado no século XIII como uma espécie de shopping formado por barraquinhas que mais tarde se transformariam no edifício que é hoje em dia.



  • Basílica de Santa Maria: com uma imponente fachada ladeada por suas torres de diferentes alturas, a Basílica de Santa Maria é um dos principais monumentos da cidade.

  • Torre da Antiga Prefeitura: construída no século XIV, esta torre de 70 metros de altura é a única parte que se conserva da antiga Prefeitura da cidade. É possível subir até a parte superior para ver a cidade de cima. 
2-  Rua FLORIANSKA

Localizada no centro histórico, é uma das ruas mais movimentadas da Cracóvia, e nela é possível encontrar de tudo: bares de cerveja artesanal, bares para degustar vodca e souvenirs. 


3- Antigo bairro judaico em Kazimiers



Cracóvia é muito conhecida por esse bairro. Por séculos ele foi conhecido como porto seguro por todos os judeus na Europa e teve um papel central na diáspora. Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos dos seus moradores foram retirados à força de suas casas. O bairro entrou em declínio com o abandono das casas.

Kazimierz voltou a florescer nos últimos anos para se tornar no coração cultural e artístico de Cracóvia. Hoje não há quem não queira fazer parte da vida vibrante deste lugar inovador com a atmosfera única dos seus “mil” cafés, restaurantes, bares e clubes noturnos, lojinhas de artesanato e galerias de arte.

É necessário pelo menos meio dia para passar por todas as atrações (que são próximas) ou um dia inteiro se quiser entrar em um ou dois dos museus.





Atualmente existem 7 sinagogas em Kazimierz, das quais nem todas permanecem abertas, seja para fins religiosos ou para visitação. É necessário se informar se quiser visitar alguma delas.



Plac Nowy (praçą)

A Plac Nowy, também chamada de Żydowski, possui uma construção central em formato de anel e, antes da Segunda Guerra Mundial, funcionava como um abatedouro e açougue kosher (ou seja, seguindo as leis do judaísmo). Assim como todo o antigo bairro judeu de Cracóvia, o local ficou bastante deteriorado no período pós-guerra.

Hoje, no entanto, e apesar da cara de mal cuidada, essa praça é considerada o centro do Kazimierz. Nos arredores estão os principais bares e restaurantes da região e, na própria praça, existem feiras de antiguidade (principalmente nas manhãs de domingo).

Plac Bohaterów Getta | Ghetto Heroes Square (praça)

É na Plac Bohaterów Getta, ou Guetto Heroes Square, que fica um dos mais sensíveis memoriais dedicados às vítimas do Holocausto. Nessa praça havia a separação dos judeus aptos ao trabalho e daqueles considerados inúteis para os nazistas. Também era ali que os judeus deixavam os seus poucos pertences antes de partirem na estação de trem ao lado para os campos de concentração, sob a promessa de que os bens seriam levados pelos oficiais em outros vagões.

O memorial possui 33 grandes cadeiras de metal ao longo da praça e mais 37 cadeiras menores espalhadas nos arredores. Juntas, as 70 cadeiras vazias representam os quase 70 mil judeus de Cracóvia e os bens deixados para trás. De fato, é um monumento bem emocionante. É muito difícil passar por ele e não pensar em tudo que aconteceu no lugar.

A história de Cracóvia é triste e jamais deve ser esquecida. Caminhar pelas suas ruas, observar a cultura e visitar os seus museus certamente é sinônimo de grande aprendizado.


Bom, agora podemos ir pra segunda e mais emocionante parte do post que é sobre os famosos campos de concentração de Auschwitz, uma das experiências mais interessantes e tristes que eu vivi ao longo de anos e anos de viagens pelo mundo.

CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO DE AUSCHWITZ

O complexo dos campos de concentração de Auschwitz foi o maior de todos aqueles criados pelo regime nazista. Eram três campos principais, foram esses que visitei. 




Saí de Cracóvia as 7h30 da manhã com uma excursão que comprei da GetyourGuide, um dos melhores investimentos da minha vida (rs). Paguei apenas 9,05 euros pelo tour!!! Com direito a guia e transporte!! Fiquei surpresa quando vi que era só isso, quase caí de costas (de felicidade) e por um momento pensei que era golpe.  Realizar um sonho já é bom, realizar por 9 euros é melhor ainda.

Por curiosidade, entrei no mesmo site para ver quanto está o valor do mesmo tour atualmente e realmente aumentou bastante, porém continua valendo MUITO a pena.

O tour era inglês (depois me dei conta que em outros idiomas o preço subia um pouco). Enfim, achei sensacional porque estava esperando pagar muito mais e estava disposta a pagar mais se fosse necessário. Sonho é sonho. 

O preço foi ótimo e o passeio como um todo também. O guia dominava o assunto 100%, foi fantástico. Eles não me pegaram no hotel, tinha um ponto de encontro. Mas foi tranquilo. 

A primeira parte da excursão é para o Memorial e Museu Auschwitz-Birkenau e leva aproximadamente uma hora e 20 minutos a uma hora e 50 minutos. Entre a primeira e a segunda parte (Auschwitz II-Birkenau) há um intervalo de 10 a 15 minutos. Após o intervalo, embarquei em um ônibus para a segunda parte, uma visita a Auschwitz II Birkenau, onde passei cerca de uma hora, sempre com o mesmo guia.

ENTENDA O COMPLEXO

O complexo dos campos de concentração de Auschwitz foi o maior de todos aqueles criados pelo regime nazista. Nele havia três campos principais, de onde os prisioneiros eram distribuídos para trabalhos forçados e, por um longo período, um deles também funcionou como campo de execuções. 

Os campos estavam localizados a aproximadamente 60 quilômetros a oeste da cidade polonesa denominada Cracóvia, na Alta Silésia, próximos da antiga fronteira entre a Alemanha e a Polônia no período que antecedeu a Segunda Guerra. Mas que em 1939, após a invasão e a conquista da Polônia, foi anexada à Alemanha nazista. 

As autoridades das Schutzstaffel (SS), organização paramilitar ligada ao Partido Nazista e a Adolf Hitler na Alemanha Nazista e mais tarde na Europa ocupada pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial) estabeleceram os três campos principais perto da cidade polonesa de Oswiecim: Auschwitz I, em maio de 1940; Auschwitz II (também conhecido como Auschwitz-Birkenau), no início de 1942; e Auschwitz III (também chamado de Auschwitz-Monowitz), em outubro de 1942.

Auschwitz I, o campo principal, foi o primeiro a ser fundado perto da cidade polonesa de Oswiecim. As construções começaram em maio de 1940 em um antigo quartel da artilharia do exército polonês, localizado em um bairro afastado. As autoridades das SS obrigavam os prisioneiros ao trabalho forçado contínuo, com a finalidade de expandir os limites físicos do campo. 

Os primeiros prisioneiros de Auschwitz eram alemães, transferidos do campo de concentração Sachsenhausen, na Alemanha, onde estavam encarcerados por infração criminal recorrente, e prisioneiros políticos poloneses que vieram de Lodz e estavam no campo de concentração de Dachau e de Tarnów, no Distrito de Generalgouvernment na Cracóvia.

Similar à maioria dos campos de concentração alemães, Auschwitz I foi construído com três finalidades: 1) prender os inimigos reais e imaginários do regime nazista, e das autoridades de ocupação alemãs na Polônia, por um período indeterminado; 2) ter à disposição uma grande oferta de trabalhadores forçados para alocar aos empreendimentos das SS e relacionados à construção (e, mais tarde, produção de armamento e artigos de guerra); e 3) servir como local para a exterminação de grupos pequenos, de determinadas populações, conforme determinado pelas SS e autoridades policiais para manter a segurança da Alemanha nazista. 

Como vários campos de concentração, Auschwitz I possuía câmara de gás e crematório. Inicialmente, os engenheiros das SS construíram uma câmara de gás improvisada no porão do bloco de celas, o Bloco 11. Mais tarde, uma câmara maior e permanente foi construída como parte do crematório original, em outro prédio fora do complexo de celas.

Em Auschwitz I, os médicos das SS realizavam experiências “médicas” no hospital localizado no Bloco 10. Eram pesquisas pseudocientíficas em bebês, gêmeos e anões, além de fazerem esterilizações forçadas e experiências de hipotermia em adultos. Entre o crematório e o quartel de experiências médicas ficava a "Parede Negra", frente à qual os guardas das SS executavam milhares de prisioneiros.

A construção de Auschwitz II, ou Auschwitz-Birkenau, teve início em outubro de 1941, nas proximidades da cidade polonesa de Brzezinka. Dos três campos localizados perto de Oswiecim, o Auschwitz-Birkenau foi o que teve o maior número de prisioneiros. Era dividido em mais de doze seções, separadas por cercas com arame farpado eletrificado que, como em Auschwitz I, eram patrulhadas pelos guardas das SS e, após 1942, por guardas com cães policiais. O campo tinha seções específicas para homens, mulheres, um campo familiar para ciganos deportados da Alemanha e Áustria.

Auschwitz-Birkenau também tinha instalações que funcionavam como centro de extermínio, e exercia um papel fundamental no plano alemão para exterminar os judeus europeus. A partir de meados de 1941, o gás Zyklon B foi introduzido no sistema dos campos de concentração alemães como forma de agilizar o extermínio. As SS mantiveram as operações com gás em Auschwitz-Birkenau até novembro de 1944.

COMO ERAM AS DEPORTAÇÕES PARA AUSCHWITZ



Os trens chegavam constantemente a Auschwitz-Birkenau trazendo como carga judeus de praticamente todos os países europeus ocupados pela Alemanha ou a ela aliados. Estes carregamentos foram iniciados em 1942 e terminaram em 1944. 



Estes são os dados, em números aproximados, das deportações de judeus por país: Hungria: 426.000; Polônia: 300.000; França: 69.000; Holanda: 60.000; Grécia: 55.000; Boêmia e Morávia: 46.000; Eslováquia: 27.000; Bélgica: 25.000; Iugoslávia: 10.000; Itália: 7.500; Noruega: 690; outros (incluindo os prisioneiros de outros campos de concentração que eram despachados para Auschwitz-Birkenau ): 34.000.

Com as deportações provenientes da Hungria, Auschwitz-Birkenau se tornou um instrumento de extrema eficácia dentro do plano alemão de destruir os judeus europeus. Entre final de abril e começo de julho de 1944, aproximadamente 440.000 judeus húngaros foram deportado, e cerca de 426.000 deles foram diretamente para Auschwitz. Deste, cerca de 320.000 foram diretamente para as câmaras de gás, mobilizando quase 110.000 para trabalho forçado no complexo de campos de concentração de Auschwitz.

No total, aproximadamente 1,1 milhão de judeus foram deportados para Auschwitz. Além deles, as autoridades das SS deportaram cerca de 200.000 pessoas de outras etnias para Auschwitz, 

Os recém-chegados a Auschwitz-Birkenau passavam por uma triagem, na qual a equipe das SS decidia quem era capaz ou incapaz de realizar trabalhos forçado. A maioria ia diretamente para câmaras de gás, que pareciam banheiros com chuveiros para enganar as vítimas, para que o processo fosse mais rápido. 

Pelo menos 960.000 judeus foram exterminados em Auschwitz, além de cerca de 74.000 poloneses, 21.000 ciganos, 15.000 prisioneiros de guerra soviéticos, e 10.000 a 15.000 civis de outras nacionalidades (cidadãos soviéticos, tchecos, iugoslavos, franceses, alemães e austríacos).

As operações com gás continuaram até novembro de 1944 quando, sob as ordens de Himmler, as SS desabilitaram as câmaras de gás que ainda funcionavam. Em janeiro de 1945, as SS iniciaram a demolição das instalações remanescentes à medida que as forças soviéticas se aproximavam, em uma tentativa frustrada de esconder do mundo as barbaridades que praticavam.

Auschwitz III, localizado nos arredores da cidade polonesa de Monowitz eu não cheguei a conhecer e por isso não falarei muito sobre ela. Era um campo conhecido como Buna ou Monowice, fundado em outubro de 1942, e abrigava prisioneiros enviados para ali trabalhar na produção de borracha sintética.

COMO FOI A  LIBERAÇÃO DE AUSCHWITZ

No final de janeiro de 1945, em pleno inverno, conforme as forças soviéticas estavam se aproximando do complexo de campos de concentração de Auschwitz, as SS iniciaram a evacuação destes campos e seus sub-campos. As unidades das SS forçaram cerca de 60.000 prisioneiros a marchar na direção oeste do sistema de campos de Auschwitz, e muitos milhares foram mortos nos dias que antecederam o início da 'Marcha da Morte". 

Dezenas de milhares de prisioneiros, a maioria judeus, foram forçados a caminhar tanto para noroeste, por 55 quilômetros, para Gliwice/Gleiwitz, junto com os prisioneiros dos sub-campos no leste de Alta Silésia, tal como Bismarckhuette, Althammer e Hindenburg, quanto para oeste, por 63 quilômetros, para Wodzislaw/Loslau na parte ocidental de Alta Silésia, junto com os prisioneiros dos sub-campos localizados ao sul de Auschwitz, como Jawischowitz, Tschechowitz e Golleschau.

Os guardas das SS atiravam em todos os que ficavam para trás ou que não conseguiam continuar. Os prisioneiros também sofreram com o mau tempo, fome durantes as terríveis marchas. Cerca de 15.000 mais tenham morrido durante as marchas de evacuação de Auschwitz e seus sub-campos.

Quando chegavam a Gliwice e Wodzislaw, eram colocados em trens de carga, sem qualquer tipo de calefação, e levados para campos de concentração na Alemanha, principalmente Flossenbürg, Sachsenhausen, Gross-Rosen, Buchenwald, Dachau, e também Mauthausen, na Áustria. A viagem de trem durava dias e, sem comida, água, abrigo ou cobertores, muitos não conseguiram sobreviver.

No final de janeiro de 1945, as autoridades das SS e da polícia forçaram 4.000 prisioneiros a caminhar para Blechhammer, um sub-campo de Auschwitz-Monowitz. As SS exterminaram cerca de 800 prisioneiros durante a marcha para o campo de concentração Gross-Rosen, além de assassinarem 200 outros que haviam ficado em Blechhammer devido a doenças ou a tentativas frustradas de se esconderem. Após um curto período de tempo, as SS transportaram cerca de 3.000 prisioneiros do complexo industrial de Blechhammer, na Polônia, do campo de concentração Gross-Rosen para o de Buchenwald, na Alemanha.

Em 27 de janeiro de 1945, o exército soviético ingressou em Auschwitz, Birkenau e Monowitz, liberando aproximadamente 7.000 prisioneiros, a maioria deles muito doente e morrendo. Estima-se que as SS e a polícia deportaram, no mínimo, 1.3 milhão de pessoas para o complexo de Auschwitz entre 1940 e 1945. Do total de 1.3 milhão as autoridades dos campos exterminaram 1,1 milhão.

A VISITA



De todos os campos de concentração ainda existentes, Auschwitz é o maior e mais completo. Após o fim da guerra ele teve algumas de suas instalações danificadas, mas foi reestruturado fielmente. Além disso, recebeu muitas fotos e reportagens da época, tudo bem esclarecido com placas e textos em polonês e inglês. 
Tanto o tour quanto o local são muito bem organizados. Dá para fazer o tour sem guia, tem muitas placas explicativas, mapas com detalhes de cada local, mas o meu guia era fantástico e explicava cada detalhe com muita emoção. Valeu super a pena. Não teria adquirido nem 5% do conhecimento que adquiri se não fossem as explicações dele. Recomendo que vocês façam com guia.




A visita é bem marcante e em algumas partes desses campos é possível sentir uma energia muito pesada. Um exemplo é da sala onde haviam vários artigos que pertenciam aos prisioneiros que viveram nesse campo. Os objetos estão expostos em vidros e nos faz imaginar coisas que os entristecem e nos revoltam. Montanhas e mais montanhas de pertences de pessoas que tiveram seus bens brutalmente arrancados quando chegaram em Auschwitz. 






Uma curiosidade triste é que quando essas pessoas eram retiradas de suas casas para serem transportadas para os campos de concentração, não sabiam ao certo para onde estavam sendo levados. Permitiam que elas levassem uma pequena mala com pertences pessoais, que era arrancada de suas mãos logo que alcançavam o destino final. 

Foi realmente duro ficar frente a toneladas de cabelos de pessoas que foram mortas injustamente. Essa é uma parte do tour que, inclusive, não pode ser registrada por câmeras fotográficas. 

Nos outros blocos foi possível ver de uma maneira bem realista como funcionavam os dormitórios, os espaços destinados à higiene pessoal e os escritórios dos prisioneiros responsáveis pela ordem e disciplina dos demais.





Há ainda porões onde funcionavam as solitárias, que eram destinadas a prisioneiros que desobedeciam às regras do campo ou que tentavam fugir. E há também os prédios onde funcionavam os experimentos médicos com os prisioneiros. A estrutura foi toda conservada. 

Nos espaços ao ar livre é possível ver onde  e como funcionava a parede de fuzilamento e o local onde haviam as forcas. Terrível. Prisioneiros desobedientes eram enforcados e deixados ali para servirem como exemplo para os demais. Tudo isso sem contar a entrada na câmara de gás e os crematórios, talvez o ponto mais impressionante da visita, que gera mais curiosidade e comoção.




O tour é feito com um silêncio ensurdecedor de tantas pessoas vindas de tantos lugares, que realmente não saberiam o que dizer e comentar diante de tantos fatos macabros. É difícil acreditar, é como se viesse a comprovação de algo que ainda poderia, de alguma forma, ser mentira, mesmo sabendo que não é. Obviamente não dá nem ânimo e nem tem clima para tirar fotos. Tirei algumas para  poder compartilhar com vocês. Estar ali é uma sensação única, um sentimento muito estranho.


A segunda parte do dia foi dedicada a Auschwitz II, ou Auschwitz-Birkenau. Foi uma visita mais curta, mas muito impressionante e triste também. O campo de Birkenau fica a 3 km de Auschwitz I.




Auschwitz I é bem menor, com grandes edifícios de tijolos e uma arquitetura mais permanente, enquanto Birkenau é simplesmente enorme. Atualmente, o campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau (Auschwitz II) é uma área quase vazia. Mas ainda é possível sentir no ar o cheio da morte dos milhões de pessoas. Noventa porcento das vítimas deste lugar eram judeus provenientes da Hungria, Polônia, Rússia, Áustria, Itália, Croácia, Bélgica, França, Holanda, Grécia e Alemanha.

A entrada de Birkenau é o local onde os trens (como o da foto abaixo) lotados chegavam no campo. Ali o destino das pessoas era decidido. Ou elas eram enviadas diretamente para as câmaras de gás, ou tinham as suas cabeças raspadas antes de se tornar trabalhadores. Os nazistas os abrigavam em condições horríveis e os usaram como mão-de-obra escrava para várias necessidades diferentes da guerra. 

Dentro de Birkenau, cada pavilhão deveria abrigar no máximo 700 pessoas, mas chegaram a ter 1200 ocupantes. 


Enfim, como disse no começo do post, realmente foi um dos momentos mais marcantes da minha vida de viajante. Não vou dizer que foi uma das visitas mais legais, porque essa palavra LEGAL não se encaixa nesse contexto. Mas nunca esquecerei do que vivi nesse dia. 

Super recomendo que visitem a Polônia, é simplesmente sensacional!


Gostaram do post? Espero que sim. Até a próxima!

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