Transnístria, o país que não existe
Oi, gente! Hoje o post será sobre um destino digamos, exótico. Vou compartilhar minha visita à Transnístria, uma região separatista pró-Rússia da Moldávia, na fronteira com a Ucrânia, onde as tensões têm se elevado desde o início da guerra da Ucrânia com a Rússia, em fevereiro de 2022.
Realmente é diferente de tudo o que já vi na minha "vida de viajante".
Mas, antes de contar como foi a minha experiência, preciso explicar um pouquinho sobre esse território, para que vocês entendam pelo menos o básico e desperte a mesma curiosidade e indignação que foram despertados em mim quando li, preparei o roteiro e vivenciei tudo isso.
COMO SURGIU A TRANSNÍSTRIA
Do fim da Segunda Guerra Mundial até o início da década de 90, a Moldávia foi parte do Império Soviético. Com o colapso da União Soviética, no início dos anos 90, a Moldávia tornou-se um país independente. Apesar disso, um grande conflito permaneceu no país uma vez que aqueles ao leste do rio Dniestr, a maioria dos quais era de ascendência russa e ucraniana, se declararou independente do resto da Moldávia por se sentirem mais aliada aos interesses russos. Devido a essa divergência houve uma breve guerra civil em 1992. Graças ao apoio do Exército Russo que estava baseado dentro da Transnístria, o resultado desta guerra foi a que a Transnístria conseguiu manter a sua independência do resto da Moldávia.
A Transnístria (também conhecida como Trans-Dniester ou Transdniestria e Pridnestróvia: (adaptação gráfica da forma russa) embora seja independente, tenha sua própria moeda, exército, instituições públicas e até mesmo passaporte, grande parte do mundo não tem ideia de que esse país exista. É um país autodeclarado, um estado separatista da Moldávia, mas que é reconhecido apenas por regiões com disputas semelhantes, como a Abcásia, Nagorno-Karabakh e Ossétia do Sul.
Abaixo, a foto de um letreiro escrito Transnístria em Russo.
DICAS IMPORTANTES E MINHAS IMPRESSÕES
Dá pra fazer tudo caminhando! As ruas da cidade inteira são limpíssimas, bastante vazias, cheias de flores e jardins. Realmente é um outro país porque não parece nadinha com a Moldávia.
Em algumas partes parece um deserto, sem muitas pessoas, lojas e menos carros que você esperaria em uma grande avenida central. Me disseram que teria que tomar cuidado para tirar fotos, mas em nenhum momento avistei qualquer segurança ou agentes policiais, foi bem tranquilo. Mesmo assim, sempre dava uma olhadinha e tirei poucas fotos minhas, melhor evitar problemas.
Tenho que reconhecer que fiquei com um leve medinho na imigração da Moldávia na volta. Imagina se pegam o meu celular e encontram várias fotos lindas minhas, inclusive com a bandeira da Transnístria? Estaria lascada, penso eu. Mas, como sou "macaca velha" coloquei as fotos na lixeira do celular pra evitar problemas.
Uma curiosidade é que basicamente todos os moradores da Transnístria (cerca de 530 mil) tem dupla cidadania, geralmente da Rússia, Moldávia ou Ucrânia, caso contrário seriam apátridas, uma vez que o passaporte da Transnístria não é reconhecido em canto nenhum.
Dá pra perceber que um país nessa situação só consegue sobreviver porque tem o apoio econômico e militar de outro, nesse caso da Rússia. Era bem visível que todos os produtos e marcas são russas, inclusive os mercados. Ah, e é claro que eu não poderia deixar de entrar em um e conferir os produtos "diferentões" e escritos em russo. Adoro! Aliás, encontrei alguns produtos americanos também (como a Coca Cola), achei que não encontraria.
Também fica próxima da praça principal da cidade, e bem na frente dela tem uma imagem do Lenin. Para quem não conhece, ele foi um revolucionário comunista, político e teórico político russo que serviu como chefe de governo da Rússia Soviética de 1917 a 1924 e da União Soviética de 1922, até sua morte.
Esqueci de comentar que não faltam ruas com nomes de figuras comunistas ou datas importantes da era soviética. Por ali o comunismo não acabou.
DE VOLTA PRA CASA
Para deixar a Transnístria, eles só pedem aquele papelzinho com o horário da entrada, Foi bem rápido.
Enfim, foi muito legal ter feito esse passeio, se não tivesse ido me arrependeria. Se dependesse dos meus amigos da Moldávia eu não teria ido porque todos diziam que era perigoso, assustador, que eu poderia morrer, etc.
Provavelmente diziam isso porque o ódio entre esses povos infelizmente é a realidade atual. Creio também que muitos deles são convencidos pela mídia e pelo governo que esse território é sinônimo de morte. No passado já foi e no futuro pode ser de novo, talvez. Na minha van foram várias pessoas de Chisinau (que vivem na cidade) para Tiraspol e não presenciei nenhum problema. Não sei quais são as regras e os acordos entre eles.
A questão é que para estrangeiros, pelo menos nesse momento, não é nada perigoso, inclusive tem se tornado um lugar turístico. Peguei uns flyers em Chisinau de agências que oferecem Tours para Tiraspol (também não imagino quais são as regras e acordos). Enfim, tudo confuso, mas uma experiência que poucos viajantes têm e super recomendo. Nunca tinha visto nada igual.
Espero que tenham gostado. Sei que muitos de vocês não conheciam esse "país que não existe" e com esse post conseguiram adquirir um pouco de conhecimento e interesse por essa região. Um beijo e até a próxima!
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