Macedônia do Norte é um país!

by - sexta-feira, junho 14, 2024

Oi gente, tudo bem? Hoje começo a compartilhar a primeira parte da viagem que fiz para alguns países dos Balcãs. Uma jornada todinha feita por terra, a qual conheci cinco países da Europa que não são destinos comuns pra brasileiros. Sei que estou um pouquinho atrasada com os meus posts, mas como prometido estou colocando tudo em dia. :)


Vários países compõem hoje a região que chamamos de Balcãs: Albânia, Grécia, parte da Turquia na Europa, Romênia, Bulgária, além das repúblicas que compunham a ex-Iugoslávia: Eslovênia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Montenegro, Macedônia do Norte, Sérvia e, desde fevereiro de 2008, Kosovo. Dessa vez, visitei a Macedônia do Norte, Kosovo, Bósnia, Montenegro e Albânia.

Escolhi a Macedônia do Norte para começar. Vou fazer um post para cada país, assim consigo detalhar um pouco mais sobre cada um deles.

Primeiramente: vocês sabiam que a Macedônia do Norte é um país? Tenho certeza que a maioria nem sabia disso. Eu confesso que sabia que esse país existia, mas não tinha nem ideia do que acontecida por lá, como era, que idioma falavam. Só fui descobrir quando comecei a fazer o meu roteiro e depois que vivi um pouquinho do dia a dia dos moradores de lá.

Comecei a minha viagem na Sérvia. Cheguei por terra, estava vindo da Áustria, onde morei e trabalhei por um tempo. O meu segundo país dessa viagem foi a Macedônia. Usei a FlixBus para fazer esse trajeto, a empresa de ônibus mais econômica para viajar para na Europa. De Belgrado (capital da Sérvia) para Escópia/ Skopje (capital da Macedônia) foram 6 horas e pouco de viagem, 411 km. Paguei 135 reais pela passagem.


Mas, antes de começar a contar sobre a minha experiência, vou compartilhar um pouquinho sobre a histórias e curiosidades desse país tão pouco conhecido.

QUE PAÍS É ESSE?


Localizada no interior da montanhosa península Balcânica, a Macedônia limita-se com a Sérvia (a noroeste), Bulgária (a leste), Grécia (ao sul) e Albânia (a oeste). Seu território não possui saída para o mar. 

É uma das ex-repúblicas da Iugoslávia, cuja independência foi obtida no dia 17 de setembro de 1991. O processo de independência ocorreu de forma pacífica, diferentemente dos outros países dessa região. A Bulgária foi o primeiro país a reconhecer a Macedônia como nação independente. No entanto, a Grécia foi totalmente contra esse processo em razão do emprego do nome e do símbolo da bandeira utilizada, visto que a Grécia tem uma província chamada Macedônia.

A oposição da Grécia resultou num bloqueio comercial, em fevereiro de 1994, à Macedônia. Somente com a modificação da bandeira e da constituição nacional, em 1995, os dois países normalizaram as relações, retornando as exportações agrícolas pelo porto de Salônica, no mar Egeu.

A maioria da população nacional é seguidora do cristianismo ortodoxo. Em 1999, durante a guerra do Kosovo, aproximadamente 360.000 albaneses (muçulmanos) se refugiaram na Macedônia. Em 2001, a tensão entre albaneses e macedônios quase desencadeou um confronto, entretanto, um acordo de paz estabeleceu um convívio pacífico entre as diferentes etnias.

A história do nome é bastante antiga. “Macedônia” definia originalmente uma região que se estendia pela península balcânica. No século 4 antes de Cristo, o reino grego da Macedônia expandiu suas fronteiras sob o comando de Alexandre, o Grande, e por um período foi o império mais poderoso do mundo. Posteriormente, a partir do século 14, por muito tempo o território ficou sob o domínio do Império Otomano. Após o período das duas Guerras Mundiais, já no século 20, a Grécia ficou com parte dessa região, enquanto a outra integrou a Iugoslávia.

Entre os anos de 1991 até junho de 2018, o parlamento grego e o macedônio travaram uma disputa geopolítica sobre a utilização do nome. Depois de sanções, protestos e plebiscitos populares, em 2019, as partes selaram um acordo: em vez de Antiga República Iugoslava da Macedônia, o país passou a ser chamado apenas por República da Macedônia do Norte.

Parte dessas sanções gregas se refletiram na bandeira da Macedônia do Norte. Antes com uma flâmula vermelha e amarela, ela apresentava o símbolo do Sol de Vergina, criticada pelos gregos por ser um tradicional símbolo do país helênico. Hoje, a bandeira macedônia preserva as cores, mas adota um símbolo diferente: o Sol de oito raios.

ALGUMAS CURIOSIDADES SOBRE A MACEDÔNIA

  1. O lago mais antigo da Europa fica na Macedônia do Norte: Com dois milhões de anos, o lago Ohrid é considerado uma das reservas biológicas mais importantes do mundo. Mais de 200 espécies que não existem em nenhum outro lugar do mundo vivem no lago.
  2. A Macedônia do Norte é uma das regiões habitadas mais antigas da Europa Os primeiros registros de humanos vivendo no território do que hoje é a Macedônia do Norte datam de 7 mil anos atrás. No entanto, os primeiros vestígios de cidades organizadas são de 808 a.C., quando a Dinastia Argéada controlava essa área.
  3. Ao longo da história, a Macedônia do Norte viu os impérios mais poderosos da Europa surgirem e caírem. O pequeno país fez parte do Império de Alexandre, o Grande; do Império Romano; do Império Bizantino; do Império Otomano; e da Iugoslávia.
  4. A Madre Teresa nasceu na Macedônia do Norte: A maioria das pessoas relaciona Madre Teresa com Calcutá, onde realizou a maior parte do seu trabalho humanitário. No entanto, ela nasceu em Escópia, capital da Macedônia do Norte, em 1910 No centro de Escópia existe uma casa-museu dedicada à vida e às realizações de Madre Teresa (visitei e vou compartilhar com vocês daqui a pouco)
  5. O país é sede de um dos maiores festivais internacionais de poesia: organizado anualmente na cidade de Struga desde 1961, o Festival de Poesia de Struga outorgou seu prêmio de maior prestígio, a Coroa de Ouro, a alguns dos mais notáveis poetas internacionais. Durante a sua longa existência bem-sucedida, o festival recebeu cerca de 4 mil poetas, tradutores, ensaístas e críticos literários de cerca de 95 países.
  6. Alexandre, o Grande, é o herói nacional: Alexandre, o Grande, rei do antigo Reino da Macedônia, foi o primeiro conquistador mundial que estendeu seu império pela Grécia e Pérsia até a Índia e o Egito. Durante seu reinado, a Macedônia era o estado mais poderoso do mundo; mas após a sua morte o império se desfez e se tornou a primeira província romana em 146 a.C.
  7. Partes da cruz na qual Jesus foi crucificado estão em um mosteiro do país.
               IDIOMA E MOEDA DA MACEDÔNIA

A língua oficial da Macedônia do Norte é o macedônio, enquanto o albanês tem status de co-oficial. O macedônio é falado por quase dois terços da população nativamente e como segunda língua por grande parte do resto da população. O albanês é a maior língua minoritária. Existem mais cinco línguas nacionais minoritárias: turco, romani, sérvio, bósnio e aromeno. A língua de sinais da Macedônia é a língua de sinais oficial do país.









O denar ou dinar macedônio é a moeda oficial da Macedónia do Norte. Subdivide-se em denis. O primeiro dinar da Macedônia foi estabelecido em 26 de abril de 1992, substituiu a versão de 1990 do dinar iugoslavo.




                                 SOBRE A MINHA VISITA

É possível encontrar hospedagem super barata, basta pesquisar bastante. me hospedei pertinho do centro de Escópia (1,5km). Foi ótimo porque consegui fazer absolutamente tudo caminhando, apesar do calor insuportável. Já estava no final da primavera, mas parecia puro verão, sofri bastante durante as caminhadas (rs). As ruas do centro históricos são bastante limpas, organizadas e me senti tranquila e segura durante todas as minhas caminhadas.















                PERREGUE NA MACEDÔNIA DO NORTE

Quando cheguei na rodoviária peguei um táxi porque a minha hospedagem era uns 3km de lá e já eram mais de 23 horas. O taxista foi todo simpático, até ofereceu ser "meu guia", cheio de papinhos. Me cobrou cinco euros e no caminho fui tirando o dinheiro da carteira pra adiantar. Fiquei com os cinco euros na mão e entreguei para ele no final na corrida. Quando virei as costas para pegar minhas malas no porta-malas, ele disse que eu não tinha dado euros e sim uma nota da moeda da Sérvia. 

Eu tinha certeza que tinha dado euros, mas na hora pensei que poderia ter cometido um engano porque ao tirar o dinheiro da bolsa estava tudo escuro. Enfim, paguei novamente e quando cheguei no hotel conferi o dinheiro que tinha e me dei conta que tinha sido roubada. Que eu realmente tinha dado euros pra ele. Se "sujar" por cinco euros, que absurdo.

Só que ele foi tão burro que me deu o cartão com o telefone dele. Eu adicionei ele no WhatsApp, tirei satisfação e disse que ia chamar a polícia. A gente nunca espera ser roubado na Europa, mas fica a dica: os países dos Balcãs não são como outros países europeus, são bem mais pobres e com muito mais gente "malandra". Temos que redobrar os cuidados. Aprendi na prática.

Quando falei que ia chamar a polícia, acreditem se quiser, ele voltou no hotel com o rabinho entre as pernas e me devolveu o dinheiro. É meus amigos, as leis na Europa funcionam, se fosse no Brasil o cara sumiria, voltaria pra me matar, ou me bloquearia no WhatsApp. Ele demorou uma hora e meia mais voltou, devolveu o dinheiro e pediu pelo amor de Deus para eu não chamar polícia. Deixei quieto porque não queria confusão, só tinha dois dias pra curtir o país e não ia estragar tudo por cinco euros, mas acho que ele entendeu a lição e espero que não faça mais isso com outros turistas.

Enfim, no dia seguinte comecei as atividades bem cedo, levantei as sete da manhã e bati perna até as cinco horas da tarde pra poder conhecer boa parte do que estava planejado. Tive pouco contato com as pessoas locais, a maioria não fala inglês. Mas, o pouco que conversei achei o pessoal bem mais amigável e feliz do que na encontrei na minha rápida passagem pela Sérvia (depois voltei para passar mais dias). A Sérvia foi um lugar que me decepcionei bastante, principalmente com as pessoas, com a energia do lugar. Mas, contarei tudo em outro post.

Como tinha pouco tempo, foquei somente na capital Escópia. E, foi suficiente pra mim, deu pra ter uma ideia bem legal do país, da história. A real é que eu nunca imaginei em conhecer a Macedônia do Norte, fiquei muito feliz por viver tudo isso. 

Vale ressaltar que fiz toda essa viagem pelos Balcãs com o passaporte europeu, foi bem mais fácil. Mas, brasileiros não precisam de visto em nenhum desses países. Passei pelo Kosovo também (contarei em outro post). Já li relatos que brasileiros tiveram problemas pra entrar, mas não sei se é porque o Brasil não reconhece o território como país ou por qualquer outra razão. Por isso, vale a pena pesquisar antes de se aventurar.
  
PONTOS TURÍSTICOS E A MINHA IMPRESSÃO SOBRE O PAÍS


Basicamente o ponto de partida é a praça principal que fica no centro. De lá da pra caminhar pra todo canto. É uma cidade sem trânsito, com comida bacana e pessoas amigáveis, por tanto, é agradável estar ali. Mas, não pense que vai encontrar algo muito especial porque não tem, é uma cidade comum e tranquila. 

Bom, sobre a praça, apesar de bem bonita e limpa ela é digamos, um pouco confusa (rs). Você fica meio perdido com o excesso de estilos arquitetônicos e com a quantidade de estátuas. Para onde você olha, tem uma. É um leão virado para frente, um gigante guerreiro em um cavalo, uma mulher amamentando, postes de luzes igual de Paris (rs). São bonitos, mas não fizeram muito sentido pra mim até eu ler e me informar sobre.










Tudo mais claro quando descobri que há quase uma década o governo da Macedônia lançou um plano de revitalizar a cidade toda, reconstruindo prédio e “espalhando” história pela cidade. Ou seja, diferente de cidades nessa região da Europa que você se depara com a arquitetura de centenas, milhas de anos, Escópia está sendo reconstruída como se fosse algo histórico. Meio estranho, né? Enfim, ao redor dessa praça há muitos restaurantes super refinados (e caros), barraquinhas de souvenirs, bonés, coisinhas pra comer. É bem bacana caminhar por lá. Se quiser restaurantes mais baratinhos terá que ir um pouco mais longe da praça. Skopje talvez seja a cidade dos Balcãs mais misturada. Por aqui, cristãos, muçulmanos, árabes, albaneses, etc convivem em harmonia.

PORTA DA MACEDÔNIA


Mais uma obra controversa que nasceu da criação do projeto de modernização da cidade designado por Escópia, em 2014. A Porta é uma espécie de Arco do Triunfo erguido para comemorar os vinte anos de independência do país, mas que na realidade parece não agradar à maioria das pessoas que vivem na cidade. Apesar dos habitantes estarem aceitando melhor essa nova fase, em alguns momentos o monumento foi totalmente graffitado durante protestos contra as mudanças arquitetônicas que o governo implementou na capital.
PONTE DE PEDRA


É a mais antiga ponte da cidade. Segundo os registros, sua construção aconteceu 500 anos atrás. Apesar da idade, é uma das obras que resistem ao avanço da vertente moderna que tem invadido a capital.



PONTE DAS CIVILIZAÇÕES



Para atravessar o Rio Vardar é necessário passar por essa ponte, local onde é possível ver dezenas de estátuas que representam figuras importantes da história do país.

OLD BAZAAR

Ao atravessar o Rio Vardar pela ponte citada acima, encontramos o Old Baazar, considerado um dos mais antigos dos Balcãs. Ponto turístico importante, conservado, onde é possível encontrar bares, restaurantes, lojas de roupas, bonés, souvenires, produtos árabes, etc. Achei tudo bastante caro. 

Ainda nessa região fica a Fortaleza de Escópia, que rende uma boa caminhada pelas muralhas, com uma vista 360º da cidade.

A Mesquita Arasta, a Mesquita Murat Pasha ou a Igreja Sveti Spas são alguns locais interessantes que devem constar na listinha de quem visita o Old Bazaar.










MEMORIAL DA MADRE TEREZA DE CALCUTÁ


Pouca gente sabe, mas a Escópia é também a cidade natal da famosa Madre Teresa de Calcutá, que tem um memorial batizado em seu nome por lá. A Casa Memorial de Madre Teresa é uma homenagem à hoje Santa Teresa de Calcutá e apresenta um pouco de sua história de vida. 

O local tem uma construção moderna e fica onde se encontrava a Igreja do Sagrado Coração de Jesus – destruída pelo terremoto de 1963 –, lugar onde a missionária foi batizada um dia depois do seu nascimento em Skopje, no ano de 1910. Na capela do museu, que também abriga fotos, é possível encontrar objetos que pertenceram a Madre Teresa (1910-1997) e uma sala multimídia. Uma visita bem bacana para quem está na cidade.



















                                    SOBRE A COMIDA


Comi muito bem na Escópia. Eles tem aquelas "comidas por quilo" e consegui comer arroz, feijão, purê de batatas. Provei umas comidinhas muito parecidas com as do Brasil (estava morrendo de saudade após meses morando na Europa). Gostei do tempero e o preço era super acessível. Claro que se você frequentar restaurantes para turistas vai sair caro. Mas, se optar por restaurantes locais é sucesso. Achei um lanche árabe delicioso e baratinho no Old Bazar.

Sobre comidas típicas, não provei nada de muito diferente, mas ouvi falar que o prato mais típico da Macedônia do Norte é o Tavce-Gravce, feito com feijões frescos e servido bem quente em caçarolas de barro. Como em todos os países dessa região, a bebida mais conhecida é a Rakia, um licor forte feito destilado de ameixa. Provei uma das cervejas deles, mas achei "fraquinha".







Dica!!

Quando fiz o roteiro para essa viagem pelos Balcãs a intenção era começar pela Sérvia e o segundo país ser o Kosovo, já que faz fronteira. Mas, pesquisei bastante e achei que era melhor não fazer isso porque são países inimigos e me disseram que se eu saísse pela Sérvia para entrar no Kosovo poderia ter problemas na hora de voltar (e eu tinha que ir pra Sérvia novamente, já que a minha passagem para Itália saía de lá). Então, fui pra Macedônia e de lá consegui entrar no Kosovo e quando cheguei na Sérvia novamente (pela fronteira da Bósnia), não tive problemas. Acredito que como o Kosovo não carimba passaporte, não fica registrado nada no sistema da Sérvia sobre a entrada ao país. 

Gostaram de saber um pouquinho sobre a Macedônia do Norte? Espero que sim. Não percam os próximos posts, que serão sobre os outros países dos Balcãs que conheci nessa mesma viagem! Grande beijo. :)




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