Oi gente, tudo bem? Estou muito feliz por compartilhar com vocês "mais um capítulo "da viagem que fiz, por terra, pelos países dos Balcãs. O primeiro post foi sobre a Macedônia do Norte. Meu conselho é que vocês leiam primeiro esse, para entenderem como eu fiz o roteiro todo. Além disso, para conhecerem também um pouquinho da capital da Macedônia, destinos pouco conhecido e desejado por brasileiros.
A verdade é que eu nunca pensei em conhecer o Kosovo, até me interessar pela história que envolve esse e os outros países vizinhos. De repente, e para aproveitar que já estava na Europa, resolvi mergulhar de cabeça em mais essa aventura e viajar de ônibus para a Sérvia, Macedônia, Kosovo, Bósnia, Montenegro e Albânia. Foi surpreendente em todos os sentidos.
Para chegar em Pristina, que é a capital do Kosovo foi bem fácil, já que da capital da Escópia até lá são apenas 91,3km de distância. Não foi fácil encontrar, mas consegui uma passagem de ônibus através de um site e, não lembro exatamente o valor, mas foi menos de 100 reais.
ENTENDENDO O KOSOVO
Antes de começar a contar sobre as minhas experiências, quero que conheçam um pouquinho desse país, da história dele e alguns dados importantes para que desperte dentro de vocês a vontade de se aprofundar nesses países com tanta história e tantas contradições.
A Iugoslávia era um país formado pelas repúblicas da Sérvia, Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegóvina, Macedônia e Montenegro, além de duas regiões autônomas – Kosovo e Vojvodina – de influência sérvia. Sua população apresentava grande pluralidade étnico-cultural, composta por sérvios, croatas, eslovenos, macedônios, albaneses, húngaros. Apesar dessa diversidade, o governo de Josip Broz (marechal Tito), líder de origem croata, conseguiu manter a harmonia no país.
Com a morte de Tito, em 1980, os diferentes grupos étnicos entraram em constantes convergências políticas e em 1990, com o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), os movimentos separatistas se fortaleceram na Iugoslávia. As diferentes repúblicas que integravam a nação iugoslava foram obtendo suas independências através de conflitos armados e muitas mortes.
Kosovo, considerado território autônomo, era habitado por 2 milhões de pessoas, sendo que 90% da sua população era de origem albanesa. Entretanto, em 1989, o poder central da Sérvia adotou medidas rígidas nesse território, proibindo o ensino da língua albanesa e o direito de uma polícia própria. Com o fortalecimento do movimento separatista armado, liderado pelo ELK (Exército de Libertação de Kosovo), o então presidente da Iugoslávia, Slobodan Milosevic, reagiu com violência, promovendo um massacre à população civil de origem albanesa, numa tentativa de limpeza étnica. Em represália, vários sérvios residentes em Kosovo passaram a ser perseguidos pela população local, intensificando ainda mais os conflitos.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) tentou, em 1999, um acordo pacífico para o fim do conflito, porém Slobodan Milosevic negou o acordo. A resposta foi dada através do envio de tropas da Otan para o confronto com os iugoslavos. Esse fato ficou conhecido como a guerra de Kosovo e só teve fim após 78 dias de intensos bombardeios e milhares de mortes.
Desde então, Kosovo busca obter sua independência e reconhecimento como Estado-Nação. Após muitos anos em guerra, além de muitas mortes e refugiados, no dia 17 de fevereiro de 2008 foi aprovada (por 109 votos a zero) a declaração de independência de Kosovo. Porém, representantes políticos da Sérvia alegam que o país nunca reconhecerá a independência de Kosovo. A Rússia, aliada histórica da Sérvia, também é contrária ao processo de independência kosovar.
GEOGRAFIA, IDIOMA, MOEDA E RELIGIÃO
O Kosovo está sudeste da Europa, na Península Balcânica, aquele pedaço do continente “atrás do salto da bota” da Itália. Ainda que não tenha saída para o mar, sua paisagem é super diversificada e oferece uma mistura de montanhas, vales, rios e planícies.
O dialeto nativo da população albanesa kosovar é o albanês gheg, embora o albanês padrão seja usado atualmente como uma língua oficial. De acordo com o esboço da Constituição do Kosovo, o sérvio também é outra língua oficial. Apesar de o turco também ser falado no país, ele não é reconhecido como um idioma oficial no Kosovo.
O euro é a moeda oficial do Kosovo. Inicialmente o Kosovo adotou o marco alemão, em 1999, para substituir o dinar iugoslavo, e consequentemente mudou para o euro quando o marco foi substituído por ele. Entretanto, o dinar sérvio continua a ser utilizado nas áreas povoadas pelos sérvios.
A população do Kosovo é composta majoritariamente por muçulmanos, enquanto o restante da população pertence à Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa Sérvia. Os muçulmanos residentes no país são, em sua maioria, albaneses e turcos. Os cristãos albaneses são, em grande parte, católicos. Entre os habitantes de nacionalidade sérvia, quase todos são membros da Igreja Ortodoxa da Sérvia.
VISTO
Brasileiros não precisam de visto para entrar no Kosovo para estadias de curta duração (90 dias). No entanto, verifique os requisitos específicos do visto com antecedência, pois as regras podem mudar. Eu entrei com o passaporte português e não tive problemas.
CLIMA
O clima no Kosovo tem verões muito quentes (entre 20º e 30º) e invernos muito rigorosos (entre 0º e -5º) com tempestades de neve frequentes. A primavera e o outono são estações de transição no Kosovo, com temperaturas amenas que podem variar bastante. Eu fui em junho e estava um calor insuportável (rs). Choveu um pouco também, mas nada que atrapalhasse o meu tour.
ALGUMAS CURIOSIDADES SOBRE O KOSOVO
- O Kosovo é o país mais jovem da Europa e mais da metade da população tem menos de 30 anos. Isso fica evidente na energia vibrante da sociedade kosovar e na cena cultural e artística em crescimento;
- Ainda que tenha declarado sua independência da Sérvia em 2008, tornando-se um dos países mais recentes a emergir no mapa político mundial, o país não é reconhecido por todas as nações do mundo, incluindo o Brasil (até o presente momento). Os mais críticos são, claro, a Sérvia, a Rússia e a China (e esses dois últimos são os responsáveis por não deixarem que ele seja um membro da ONU;
- A bandeira do Kosovo é bastante incomum entre as bandeiras nacionais do mundo, porque ela utiliza um mapa do território do país como elemento central do seu design. Isto torna o Kosovo um dos dois únicos países do mundo (o outro é o Chipre) cuja bandeira funciona também como representação geográfica;
- o país está crescendo rapidamente e a sua juventude é bastante ativa e inovadora, o que justifica a sua transformação em um centro europeu para o desenvolvimento de software e TIC em geral (exemplo de algumas organizações: Girls Coding Kosova, Open Data Kosovo e Innovation Centre Kosovo);
- O Kosovo é a menor nação dos Balcãs e grande parte da sua área é constituída por florestas. Na verdade, mais de 40% das terras são florestais e arborizadas;
- O Kosovo é muito aberto a diferentes religiões, uma vez que o seu povo segue, em sua maioria, três religiões: muçulmanos, católicos e ortodoxos. Existem cidades no Kosovo, como Ferizaj, onde uma mesquita e uma igreja ortodoxa dividem o mesmo terreno;
- O hino nacional do Kosovo é chamado “Europa” e ele é apenas instrumental, pois eles não querem (até o momento) que uma possível letra indique (mesmo sem querer) alguma lealdade ou afinidade com uma nação em detrimento das outras (considerando a situação tensa e incerta da nação);
- Os Estados Unidos foram o principal promotor internacional da independência do Kosovo;
- Custo de vida mais baixo dos Balcãs.
O QUE CONHECI E AS MINHAS IMPRESSÕES SOBRE PRISTINA
Fiquei em um hotel/hostel bem bacana e bem localizado, no centro da cidade. É possível visitar os pontos turísticos caminhando. Tem que caminhar bastante, mas não usei transporte público em nenhum dos meus passeios, apenas peguei um táxi para ir e voltar da rodoviária, já que estava viajando por terra.
A cidade é bem limpa, organizada, tem muitos muçulmanos e bastante restaurantes árabes (adoro!). As pessoas são amigáveis e os homens bastante "safados"(rs), não perdem a oportunidade de darem em cima ou pelo menos uma bela olhada. Mas, não me senti assediada ao ponto de me faltarem com respeito. Esse é um ponto que vale a pena comentar, a cultura do povo dos Balcãs é bem diferente da dos outros países da Europa, como a França, a Itália, ou a Espanha, por exemplo. Os homens parecem até "meio latinos" pelo jeito de agirem (rs).
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