Oi gente, tudo bem? Hoje é dia de compartilhar com vocês sobre um pouquinho de tudo o que vivi na Moldávia. Tenho certeza que poucas pessoas têm conhecimento sobre esse país que é tão pouco comentado no Brasil. Espero que gostem! :)
No último post contei um sobre como foi a minha visita à Transnístria, região separatista pró-Rússia da Moldávia. Antes de tudo, queria convidá-los a clicar aqui ler esse post porque é muito interessante e fará com que vocês entendam melhor o que vou compartilhar agora. Cabe ressaltar que é muito comum encontrarmos na internet o nome Moldávia sendo escrito como Moldova. Se trata do mesmo país.
COMO "FUI PARAR" NA MOLDÁVIA
Com a guerra da Ucrânia, a Moldávia começou a aparecer mais na mídia, tanto pela localização e passado de conflitos com a Rússia quanto pela quantidade de ucranianos que passaram a se refugiar nesse país. Como trabalho na área de imigração e refúgio, comecei a me interessar mais e mais, até que surgiu a oportunidade de trabalhar em um abrigo para ucranianos na Áustria. Aceitei, e durante esse projeto acabei indo trabalhar por 15 dias na Moldávia, em um projeto de educação e lazer para crianças ucranianas e na reforma de casas que estão servindo de abrigo para famílias refugiadas ucranianas.
Só para se ter uma ideia, desde o início do conflito mais de 1 milhão de ucranianos já atravessaram a fronteira para se refugiarem na Moldávia. Atualmente (jun/24) cerca de 121 mil ainda permanecem no país.
Tive pouco tempo para turistar, mas consegui conhecer a capital Chisinau e a Transnístria (como comentei no início do post).
Cheguei na Moldávia por terra, através da Romênia (470 km entre as capitais). Brasileiro não precisa de visto para uma estadia de até 60 dias. Entrei com o meu passaporte português (portugueses não precisam de visto para estadias até 90 dias).
Bom, mas antes de começar a contar sobre a minha experiência, vou fazer o que sempre faço, compartilhar um pouquinho da história do país e algumas curiosidades.
AFINAL, QUE PAÍS É ESSE?
A República da Moldávia é um pequeno país sem saída para o mar, localizado no leste da Europa, e que faz fronteira com a Romênia e Ucrânia. Produto da dissolução da União Soviética em 1991, o país é uma república parlamentarista, com presidente e primeiro-ministro dividindo as funções de poder.
O território da Moldávia é um pouco menor do que o do estado do Rio de Janeiro. Com uma população de cerca de 3 milhões e 400 mil habitantes. A principal cidade e capital do país é Chisinau (730 mil habitantes).
Em 1991, durante o processo de dissolução da URSS, a então República Socialista Soviética da Moldávia declarou independência da União Soviética. Apenas uma região que pertencia à extinta República Socialista Soviética da Moldávia, se recusou a integrar a nova "República da Moldávia": a região conhecida como Transnístria preferiu declarar sua própria independência, e de fato é governada de maneira autônoma desde a década de 90, embora seja atualmente reconhecida por todos os países membros da ONU como parte integrante da Moldávia.
Desde o colapso da União Soviética, o peso relativo do setor dos serviços na economia da Moldávia cresceu e começou a dominar o seu PIB (hoje cerca de 62,5%) como resultado de um decréscimo do peso da sua indústria e agricultura. Contudo, o país ainda é o mais pobre da Europa.
Pelo que parece (nunca sabemos realmente o que está por trás de tudo isso), a Moldávia quer ser União Europeia. Nas ruas é possível perceber um pouco desse desejo. São vários outdoor pró UE, bandeiras e placas dizendo "Nós somos UE" espalhadas pela capital. Inclusive (olha que coincidência!), hoje (25/06/24, dia que estou escrevendo esse post) fui dar uma olhadinha em como estão as negociações da entrada do país nesse bloco e vejo que lançaram oficialmente, exatamente no dia de HOJE, as conversações de adesão da Moldávia.
Conversei com poucas pessoas sobre essa questão da Rússia com a Ucrânia e das relações com a Moldávia. Não tinha "clima" pra isso no meio do trabalho e as pessoas no geral são bastante reservadas. Como trabalhei com um pessoal da Moldávia que estava acolhendo refugiados ucranianos, claro que estão do lado da Ucrânia e têm medo de uma invasão da Rússia ao país deles. Não saí perguntando nas ruas e nem achei muitas informações na internet, mas acredito que há muito mais gente a favor da UE do que a favor do Putin, depois de tudo o que aconteceu e das ameaças que ainda acontecem. A grande maioria não fala nada de inglês, então ficou ainda mais difícil de bater um papo.
Durante a minha visita em junho já estava bastante calor. Bastante mesmo! (rs). Uma curiosidade é que a mais alta temperatura já registrada na Moldávia foi de 41,5 °C, ocorrido em julho de 2007 e a temperatura mais baixa registrada foi de -35,5 °C, em janeiro de 1963. Ou seja, o verão é pesado e o inverno também (rs).
O VINHO NA MOLDÁVIA
Para quem não sabe (eu também não sabia), a Moldávia se destaca como o maior consumidor de álcool “per capita” do mundo. É um pequeno país com uma enorme paixão pelo vinho e uma tradição vinícola que remonta a milénios. Tem a maior concentração de vinhas e alberga duas das maiores adegas subterrâneas do mundo.
Há pelo menos três mil anos começou o cultivo de vinhas na Moldávia, segundo achados arqueológicos. Devido a esse passado, a cultura do vinho conseguiu aos poucos expandir de geração em geração e conquistou o coração de muitos moldávios. Assim, atualmente a vitivinicultura tem um papel importante e chega a responder por 30% da receita de exportação do país.
- Os Gagauz, um grupo étnico na Moldávia, têm uma identidade cultural e uma língua distintas. O idioma gagauz, língua turcomana falada por esse povo, é reconhecida e protegida pela UNESCO. Este reconhecimento enfatiza a importância de preservar a diversidade linguística e cultural na Moldávia e contribui para os esforços globais para salvaguardar as línguas ameaçadas. Os Gagauz desempenha um papel significativo na tapeçaria cultural, enriquecendo a diversidade do país.
- Muitos residentes da Moldávia geralmente possuem dupla cidadania, obtendo passaportes de países como Romênia e Rússia. Os laços históricos e culturais com a Roménia, bem como a proximidade geográfica, fazem da cidadania romena uma escolha popular. Além disso, a Moldávia compartilha conexões históricas com a Rússia, levando a um número significativo de cidadãos moldavos com passaportes russos.
- A Moldávia se destaca como um importante produtor mundial de nozes, sendo a castanha um produto agrícola fundamental para o país. O clima favorável e o solo fértil do país contribuem para o cultivo de nozes de alta qualidade. A indústria da noz desempenha um papel crucial na economia do país, com o consumo interno e as exportações contribuindo para o seu setor agrícola.
- Quando for entrar na casa de alguém que mora na Moldávia terá que tirar os sapatos e deixá-los na porta de entrada;
- A Moldávia está entre os países menos visitados da Europa, com números de turismo relativamente baixos em comparação com outros destinos europeus. Apesar de sua rica herança cultural, paisagens diversas e locais históricos, o país permanece fora do caminho comum para muitos viajantes internacionais. As razões para seus números mais baixos de turismo são diversas, incluindo fatores como consciência limitada, considerações econômicas e influências geopolíticas. Para aqueles que procuram destinos únicos e menos explorados, a Moldávia oferece uma oportunidade de experimentar a Europa num ambiente distinto e menos concorrido.
- No geral, fui bem tratada, a população é bastante amável e não estão acostumados com turistas. Alguns me perguntaram o que eu fui fazer na Moldávia (rs). Eles são bem frios, como a maioria das pessoas do leste europeu (ainda mais com a influência da cultura russa e muitas vezes pela "educação russa" que receberam). Alguns bem mais secos e diretos, sem muita paciência e bem fechados.
PONTOS TURÍSTICOS QUE CONHECI EM CHISINAU
Como estava hospedada a mais ou menos 30/40 minutos de Chisinau, tirei um sábado pra conhecer a cidade. Fui bem cedinho e fiquei o dia inteirinho batendo perna para conhecer alguns lugares que estavam no meu roteiro:
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