Albânia além das praias

by - sexta-feira, junho 14, 2024



Oi gente, tudo bem? Hoje vou compartilhar mais uma parte da minha viagem por terra para seis países dos Balcãs. Comecei pela Macedônia do Norte, o segundo foi o Kosovo e hoje será sobre a Albânia, um país pouco conhecido por brasileiros, mas bem famoso mundialmente por conta das lindas praias.


Durante essa aventura visitei a Sérvia também, mas será o último país que irei compartilhar porque passei duas vezes por lá, no início e no fim dessa viagem. Recomendo que vocês leiam os outros posts antes desse, para que entendam melhor sobre como tudo foi planejado e para conheçam mais sobre esses países com tanta história, diferentes culturas e muitas contradições também.

Estava em Pristina (capital do Kosovo) e para chegar em Tirana (capital da Albânia) foram 260 km. Viajei em uma van bem pequena, super desconfortável e o motorista corria pra caramba (rs). Fizemos várias paradas. Cheguei em Tirana de madrugada. Não tinha mais transporte e o taxista que encontrei queria me cobrar uma fortuna para me levar no hotel (apenas 1,5km). "Meu fim" foi pegar a minha malinha e caminhar até o hotel. 


Sentei no sofá e para esperar o check in que seria ao meio dia (rs), que maravilha! Só que era meu dia de sorte, o dono ficou com pena de mim e deixou eu entrar no meio da noite e não me cobrou nada.  Realmente uma exceção, é muito difícil isso acontecer!! Finalmente consegui descansar para poder bater perna o dia todo. O local onde eu fiquei hospedada era bem baratinho, mas bem bacaninha e localizado bem pertinho do centro da cidade, não precisei de transporte pra conhecer os principais pontos de Tirana.

Fiquei dois dias em Tirana e, me julguem, não conheci as praias! Tinha decidido que durante essa viagem ia focar em conhecer Kotor, em Montenegro (que é praia). Como não sou uma pessoa praiana e o verão europeu estava me matando (rs), quis ficar na cidade para conhecer o dia a dia da população e viver/explorar mais a cultura deles.

O calor estava insuportável, não dava pra ficar debaixo de sol e eu tinha poucos dias. É claro que pretendo voltar para a Albânia porque eu adorei esse país e focarei nas praias também, mas não foi dessa vez. Não me arrependi (rs).
Como sempre faço, antes de continuar contando como foi a minha experiência, quero compartilhar um pouquinho sobre a história e algumas curiosidades sobre a Albânia.

UM POUQUINHO SOBRE A ALBÂNIA


A Albânia é um país europeu localizado na península dos Bálcãs, sendo banhado pelo mar Adriático a oeste. Possui clima predominantemente mediterrâneo e um terreno acidentado, com a presença de grandes montanhas.

Sua economia é considerada uma das mais pobres do continente. O setor com maior participação é o terciário, com destaque para as atividades turísticas, não obstante a concentração de mão de obra dê-se no setor agrícola. O país é conhecido pela produção de frutas, azeitona e azeite.

A Albânia tem uma história riquíssima, com vestígios de civilizações antigas que vão desde os ilírios, passando pelos romanos e chegando até os bizantinos. Eles declararam sua independência do Império Otomano apenas em 1912, após séculos sob o domínio deles.

A região que agora é a Albânia era habitada pelos ilírios na antiguidade. Durante o período romano, a área fez parte da província romana que ficava ali e era chamada de Ilíria. A cidade de Butrint, no sul da Albânia, prosperou como um importante centro comercial e cultural na época.

Após a queda do Império Romano, a região foi incorporada ao Império Bizantino, e a influência deles sobre a Albânia persistiu por vários séculos.

Um dos momentos mais notáveis ​​da história albanesa foi a resistência liderada por Gjergj Kastrioti, conhecido como Skanderbeg, contra os otomanos. Skanderbeg defendeu com sucesso a Albânia de 1443 a 1468, tornando-se um herói nacional. No entanto, após sua morte, os otomanos retomaram o controle.

A Albânia permaneceu sob o domínio otomano por vários séculos. Durante esse período, houve esforços para manter a identidade cultural albanesa, mas a influência otomana deixou uma marca significativa (que você enxerga pra todo lado enquanto circula pelo país).

Em novembro de 1912, a Albânia proclamou sua independência do Império Otomano. Ismail Qemali foi proclamado o primeiro chefe de Estado. No entanto, a independência foi seguida por instabilidade política e intervenções estrangeiras.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Albânia foi ocupada por várias potências, incluindo Itália, Alemanha e, posteriormente, a Grécia. Após a guerra, a Albânia tornou-se um estado socialista.

De 1944 a 1992 a Albânia adotou uma ideologia comunista isolacionista. O regime foi caracterizado por uma economia centralizada, coletivização agrícola e repressão política. A Albânia se isolou do resto do mundo durante grande parte desse período.

A partir de 1992, quando o sistema comunista entrou em colapso a Albânia iniciou sua transição para um sistema democrático. O país enfrentou desafios econômicos e políticos, mas também experimentou um crescimento gradual e melhorias nas relações internacionais. O turismo tem se tornado uma fonte importante de receita para o país, atraindo visitantes para suas praias, montanhas e sítios históricos. A Albânia tem buscado a integração europeia e a adesão à União Europeia.

RELIGIÃO, MOEDA E IDIOMA

A maioria da população da Albânia é muçulmana, 38,8%, seguidos de 36,5% de cristãos (22% albaneses ortodoxos e 13,5% católicos romanos). Sobre a moeda usada no país, o Lek albanês foi introduzido como a moeda oficial em 1926. Detalhe: praticamente cada país que visitei tinha uma moeda diferente e um idioma diferente, estava quase ficando louca (rs).



Em relação ao idioma, o albano ou albanês é a língua indo-europeia falada na Albânia. É falada também no Kosovo, na Macedónia do Norte e na Itália. Existem dois dialetos principais: Tosk e Gheg. É a língua oficial da Albânia e de Kosovo.




SOBRE A POPULAÇÃO

A população é de pouco mais de 2.800.000 habitantes (2024). As pessoas são muito gentis, hospitaleiras, puxam papo, são realmente amáveis. Apesar dos países dos Balcãs serem muito próximos e terem culturas parecidas, é incrível como as populações de cada um deles são bem diferentes na maneira de tratarem os turistas. Acho que de todos os países que visitei nessa trip, os albaneses foram os que ganharam o meu coração. Tratar bem o turista parece ser uma prioridade.

Atualmente, a Albânia é considerada um destino seguro para turistas, e muitas pessoas visitam o país sem enfrentar problemas significativos.

VISTO

Brasileiros não precisam de visto, muito menos quem tem passaporte europeu (a Albânia quer ser parte da União Europeia).

CULINÁRIA

culinária albanesa partilha influência grega, italiana (muitos produtos italianos nos mercados) e de países dos Balcãs.  Então, a presença de pastas, kebab, gyros, tzaziki, salada grega, eram constantes. Eu adorei a comida deles, aliás, no geral os Balcãs me surpreenderam em relação a comida, muito melhor do que outras partes da Europa.










MAIS ALGUMAS CURIOSIDADES:

  • A bandeira da Albânia é um símbolo nacional, e uma das curiosidades a seu respeito é que é composta por um campo vermelho, simbolizando o sangue derramado pelos albaneses em sua luta pela independência. No centro da bandeira, há uma águia bicéfala preta. A águia é um emblema tradicional na cultura albanesa e representa liberdade, coragem e força;
  • O país mantém relações com seus países vizinhos nos Bálcãs, e, em geral, os esforços têm sido direcionados para promover a estabilidade e a cooperação regional;
  • A Albânia compartilha uma fronteira com Montenegro, e ambos os países buscam integrar-se à União Europeia;
  • A Albânia e o Kosovo compartilham laços culturais, étnicos e históricos profundos. A população majoritária do Kosovo é de etnia albanesa, e a independência do Kosovo em relação à Sérvia, proclamada em 2008, foi recebida com forte apoio na Albânia;
  • Se um albanês acena com a cabeça, significa «não», e se balança a cabeça, significa «sim». Acostumar-se não é fácil no começo. É tipo o Chave, sabe? (rs);
  • A partir da Albânia é fácil chegar à Itália ou à Grécia de ferry;
  • Em 2014, o Papa Francisco nomeou a Albânia como um país onde as diferentes religiões coexistem harmoniosamente;
  • A Albânia possui 28,7 quilômetros quadrados, tamanho equivalente ao do estado brasileiro de Alagoas;







  • As mais belas praias albanesas se concentram no extremo sul, região conhecida como Riviera Albanesa;
  • Importante ícone do catolicismo, Madre Teresa de Calcutá é considerada uma heroína nacional da Albânia. O seu local de nascimento é ainda hoje disputado entre albaneses e macedônios.

O QUE CONHECI EM TIRANA

Depois de enfrentar décadas bastante difíceis e uma enorme revolução cultural e ideológica liderada pelo ditador Enver Hoxha, a cidade teve que lidar com um crescimento caótico e desordenado e só recentemente passou a se destacar por suas cores e arquitetura; sua hospitalidade; pela comida boa e barata e por excelentes produções de café e cerveja e, consequentemente, pelas famosas cafeterias. 

Quem passeia por Tirana consegue fazer a maioria das coisas a pé. A Praça Skanderbeg (ela é gigantesca) leva o nome de um herói nacional, cuja estátua é vista logo de cara pelos visitantes, considerado um dos responsáveis por libertar a Albânia dos otomanos. 








O espaço aberto foi redesenhado durante o período socialista vivido por Tirana, após o domínio nazista, e é rodeado pelas principais construções da cidade. Entre estas construções estão a tradicional Mesquita Et’hem Bey e a Torre do Relógio, ambos construídos no século XVIII e, por sua importância cultural, poupados da demolição em massa feita pelo ditador já mencionado. É possível acessar a Torre do Relógio e, do alto, ter uma visão bem especial da cidade.

A mesquita de Et'hem Bey (Xhamia e Et'hem Beut) é uma estrutura religiosa histórica que, de alguma forma, conseguiu escapar da destruição quando um movimento ateu tomou conta da Albânia durante os anos 1960. A estrutura e aqueles que a adoram têm uma longa história de sobrevivência a turbulências, já que a mesquita foi forçada a fechar suas portas quando os comunistas governaram o país.

Em 1992, a mesquita Et'hem Bey abriu novamente como local de culto contra a vontade dos responsáveis. Hoje, é um dos maiores e mais importantes locais de encontro para os muçulmanos na Albânia. 



O Bairro Blloku deve ser outro ponto visitado por quem está na capital da Albânia. É um bairro que pode ser comparado à Rua Oscar Freire, em São Paulo. Até o fim da ditadura, Blloku tinha acesso proibido para população da cidade por ser o bairro onde vivia Enver Hoxha e seus aliados. Inclusive, a exuberante casa do ditador permanece erguida e intacta por lá.


Não deixem de conhecer o Novo Bazar/ New Bazar. É uma área coberta, com uma estrutura bem moderna. Ali você encontra um pouquinho de tudo. Basicamente são barraquinhas com legumes, frutas, verduras, produtos típicos, souvenirs. Acabei comprando umas lembrancinhas, mas se procurar em lojas de rua vão achar produtos mais em conta. Aos arredores desse bazar há muitos bares legais, restaurantes, cafés, comidas de rua, lojas de laticínios, etc. É um lugar bem gostosinho para caminhar.














OS FAMOSOS BUNKERS DE TIRANA

Os bunkers fazem parte da paisagem albanesa, estão por todo lado. Durante o período em que o país foi governado pelo ditador Enver Hoxha, foram construídos na Albânia mais de 170 mil bunkers, a maior parte dos quais bastante pequenos e localizados nas montanhas do país. Parece uma loucura, mas é isso mesmo (rs).



O mais importante desses abrigos subterrâneos ficava nos arredores de Tirana. O bunker oferecia proteção contra um potencial ataque nuclear e as suas dimensões eram tais que contemplava um anfiteatro para que os governantes pudessem reunir em caso de ataque. Atualmente se encontra próximo do centro da cidade e faz parte do projeto Bunk’Art 2, que se instalou em abril de 2016. 


Antes de ser Bunk’Art 2, era apenas um bunker. Enorme. Uma espécie de palácio subterrâneo com cinco andares, mais de 100 divisões (incluindo aposentos para o Enver Hoxha). Foi inaugurado em 1978 pelo ditador comunista, mas nunca chegou a ser utilizado como refúgio. Foi só em meados de 2016 que o bunker se transformou em museu. Visitar o Bunk’Art acredito que seja uma das  coisas mais interessantes de Tirana, um ambiente frio e provocador.

Basicamente o museu mostra a vida na Albânia durante 45 anos de comunismo, na esperança que os albaneses se reconciliem com a sua própria história, com o seu passado recente. Acredito que para os albaneses mais velhos não seja uma visita fácil. Não lembro muito bem, mas acho que a entrada custou cerca de cinco euros.





Por último, compartilho um ônibus muito louco que encontrei parado em uma das ruas do centro. É uma loja super criativa com roupas típicas, acessórios. Muito cara, porém muito legal. Eles vendem produtos novos, antigos, usados e a decoração é linda.





Essa foi a minha estadia em Tirana. Logo tive que seguir viagem. O próximo destino seria Montenegro. Apenas 162 km para chegar na capital Podgorica. Mas, contarei sobre a minha experiência por lá somente no próximo post.

Espero que tenham gostado de passear comigo pela Albânia, um país que oferece muito mais que belas praias. Grande beijo!





















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